Terça, 21 Junho 2016 00:57

    Um dia, a casa cai

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    A história de Roraima morre assistindo ao descaso de governantes A história de Roraima morre assistindo ao descaso de governantes Reprodução Facebook Francisco Cândido

    Primeira residência governamental, prédio histórico desaba ao sabor do tempo e do vento

     

    Na esquina das avenidas Jaime Brasil com Sebastião Diniz, escondido, envergonhado, o prédio que abrigou os primeiros governadores do então território federal vê o tempo passar e consumir-lhe o que resta da imponência de outrora.

    Pessoas ilustres que visitaram o local durante festas e eventos sociais cederam lugar para vagabundos que o utilizam para necessidades fisiológicas, sexo e uso de drogas ilícitas. Faz medo passar por aquela vizinhança depois que a escuridão da noite chega.

    De tempos em tempos, postulantes ao governo utilizam-se da estrutura histórica para cabular votos. Pometem reformar e dar significado digno ao prédio construído pela família Miranda – proeminentes empresários por muitas décadas. Eleitos, se esquecem do que resta do patrimônio histórico do Estado de Roraima.

    Promessas ao vento

    Nos anos 1970, o Palácio Senador Hélio Campos passou a abrigar governadores e suas famílias. Depois de servir de repartição pública, o prédio da avenida Jaime Brasil, então batizado com o nome de Casa de Cultura Madre Leotávia Zoller tornou-se arquivo de documentos históricos de Roraima. Falta de manutenção e descaso, com o teto ameaçando cair sobre quem ali trabalhava ou fazia visita, levaram à interdição.

    Em fevereiro do ano passado, com a demolição do Hospital Nossa Senhora de Fátima, pessoas se movimentaram para protestar contra a ação da Diocese de Roraima (dona de fato e de direito do prédio demolido) e exigir ações para proteger o patrimônio e a história de Boa Vista. Em reunião no Espaço União Operária, representante da Secretaria de Cultura anunciou que até dezembro de 2015, a Casa de Cultura Madre Leotávia estaria reformada e em plena atividade “graças a verbas que o deputado federal Jhonatan de Jesus afirmou ter disponível para esse fim”.

    Dois anos depois, sem nenhuma ação oficial, o belo prédio continua de pé. Por teimosia.

    Tudo bem. Nas eleições de 2016, promessas de reforma na primeira residência governamental de Roraima hão de ajudar a eleger um novo governador e o prédio continuará servindo para necessidades fisiológicas, sexo e uso de drogas ilícitas. Faz pena saber que, sem cuidados, um dia, a casa cai.

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    Aroldo Pinheiro

    Aroldo Pinheiro,  roraimense, comerciante, jornalista formado pela Universidade Federal de Roraima. Três livros publicados: "30 CONTOS DIVERSOS - Causos de nossa gente" (2003), "A MOSCA - Romance de vida e de morte" (2004) e "20 CONTOS INVERSOS E DOIS DEDOS DE PROSA - Causos de nossa gente".

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