Há algum tempo, apostava-se que a exploração de ouro e pedras preciosas era a vocação inata da terra de Makunaima. Com a proibição de garimpagem, o novo estado voltou a viver de contra cheques do serviço público, e muitos daqueles que sonhavam com riqueza passaram a depender do paternalismo que sempre ocupou as regiões mais pobres do Brasil.
O alto preço de terras nos estados que se dedicam à agricultura e à criação de animais provocou o deslocamento de produtores rumo ao extremo norte do Brasil. Em Roraima, eles encontraram terras a preço razoável e condições climáticas apropriadas para o cultivo de hortifrutigranjeiros e grãos e estabelecem a nova fronteira agrícola do País.
A soja em solo macuxi
Aluízio Nascimento, paranaense, em Roraima desde 2001, um dos cinquenta produtores de grãos no Estado e entusiasta nessa modalidade de cultura, faz questão de registrar que em 1989, quando governador do então território federal, Romero Jucá, incentivou a plantação da leguminosa em solo macuxi. Os resultados obtidos em 1,6 mil hectares foram animadores, mas as condições disponíveis à época, não atraíram homens dispostos à aventura.
Nascimento diz que, na virada do século, durante o primeiro mandato de Neudo Campos como governador do estado de Roraima, cerca de 20 agricultores vindos do sul e do centro do Brasil, sob coordenação de Dirceu Vinhal, criaram a Cooperativa Grão Norte, construíram o primeiro silo apropriado e dedicaram-se ao cultivo de soja. Em 2005 a colheita de grãos alcançou bons índices nos 15,6 hectares semeados.
A notícia atraiu investidores.
Numa sequência de crescentes colheitas, em 2006, produtores que sonhavam com lucros da produção sofreram duplo revés: o preço da saca de soja caiu de R$ 43 para R$ 23 reais e a homologação de reservas indígenas desanimaram alguns dos que por aqui estavam e outros que planejavam investir em Roraima.
Entraves
Sojicultores declaram que a produção de grãos em Roraima poderia estar bem mais desenvolvida e trazer mais benefícios para o Estado se não encontrassem dificuldades impostas por normas e burocracia para regularizar e titular terras.
Apesar dos pesares, abnegados empreendedores teimaram e, nos anos seguintes, continuaram plantando, colhendo e exportando grãos. Os resultados estão aí: atualmente, emprego direto para 500 pessoas e injeção de R$ 93 milhões por meio de exportação para a Europa - provas de que a soja, o ouro do lavrado, é a nova vocação de Roraima.
No próximo dia 2 de setembro, 50 desses sonhadores, reunidos sob a proteção da Comissão Organizadora da Colheita de Soja, presidida pelo mato-grossense Marlon Buss, e a Federação da Agricultura do Estado de Roraima promovem a quarta festa para colheita de soja no Estado e comemoram 75 mil toneladas do grão cultivadas em 25 mil hectares.
Para o evento, os organizadores esperam receber a visita de, pelo menos, 150 empresários do setor e um representante do ministro da Agricultura.
Destaque
Sojicultores de Roraima fazem questão de destacar o trabalho desenvolvido pela Embrapa na pesquisa e desenvolvimento de sementes que se adaptem a solos e condições climáticas de cada região na busca por melhores resultados.
Aluízio Nascimento afirma que a semente BRS Tracajá, que consegue ótimos resultados em solo macuxi, foi desenvolvida pela Embrapa-Roraima, com muito empenho do pesquisador Vicente Gianlupi.
A patente da BRS Tracajá foi registrada em São Luis (MA) porque à época da conclusão dos trabalhos, Roraima não tinha laboratório para autenticá-la.
Agro Social
Numa contribuição com o social, os plantadores a COC Soja entregará todo o lucro auferido com venda de bebidas do Dia de Campo à APAE-RR (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – Roraima)
Lavrado e cerrado são ecossistemas que, apesar de parecidos, têm diferenças
Lavrado é um termo utilizado em Roraima para definir a região de savana situada na porção nordeste desse Estado. Trata-se de um ecossistema único, sem correspondente em outra parte do Brasil. A paisagem faz parte do grande sistema de áreas abertas estabelecido entre Brasil, Guiana e Venezuela. (Fonte: Wikipedia)
O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul, ocupando cerca de 22% do território brasileiro, com incidência nos estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Paraná, São Paulo e Distrito Federal. (Fonte: Ministério do Meio Ambiente).