Zé Camargo chegou a Roraima com os primeiros paraibanos. Nem sabia dizer como se deu a mudança. Contava que, bebendo com amigos em Catolé do Rocha, acompanhou-os na subida em pau-de-arara. Apesar de ter medo de água, aboletou-se num ita. Sem nunca ter visto uma máquina daquelas, embarcou num DC-3. Quando Camargo curou-se do porre, estava deitado numa fianga, em quartinho safado da pensão de Dona Alice, na avenida Sebastião Diniz.
Trabalhou como ajudante de pedreiro, limpador de quintais, vigia de obra, menino de recado de putas. Nada dava certo: o vício na marvada pinga punha tudo a perder. Amigos se cotizaram e, para ele, montaram um boteco. Tinham que vigiá-lo, pois, se dessem mole, Zé Camargo entornaria todo o estoque de pinga.
Não há organismo que resista à quantidade de álcool que Camargo consumia regularmente. Um dia, em coma alcoólico, foi conduzido ao Hospital Nossa Senhora de Fátima. Chegou à casa de saúde quase morto. Seu Cosme, homem que dedicou a vida àquele hospital, e as madres enfermeiras, sempre prestativas, conseguiram trazer Camargo de volta à vida.
Seis meses internado, vivendo à base de aguadas sopinhas e secos grelhados. O paraibano recebeu alta. Antes, porém, madre Aquilina chamou- o para papo sério: “Meu filho, você tem que cortar o álcool de sua vida. Do contrário, você é um homem morto”.
Zé Camargo voltou para a direção do boteco. Resistiu nos primeiros dias, mas, logo, capitulou e retomou a vida de caneiro. Numa segunda-feira, por volta das 11 da manhã, o paraibano entornava um traçado, “pra abrir o apetite” quando deu com madre Aquilina entrando no boteco. Zé não teve tempo de esconder o copo ou disfarçar. Olhando nos olhos de cabra morta do caneiro, a irmã-enfermeira aproximou-se do paraibano e disparou:
- Seu Zé Camargo, o senhor não merece um pingo de confiança. Falta-lhe amor pela vida.
Antes que a freira abrisse o resto da ladainha, o bebum apelou:
- Madre, esse traçado é feito com quinado São Raphael, conhaque São João da Barra e cachaça São Francisco. Duvido que três santos fortes como esses prejudiquem um pobre temente a Deus como eu.
Read MoreJuquinha era flanelinha e vivia num muquifo. Em outro morava Rosinha, que fazia bolinhos de chuva e saia vendendo pelos sinais. Sempre repartia com ela o que conseguia a mais. Mas nunca passou disso. Eram tão pobres que não dava para levar uma vida melhor, a não ser sonhar. Depois de uma manhã de boas gorjetas, convidou a companheira de infortúnios e decidiu levá-la para almoçar num restaurante. Não conseguiram, foram barrados na porta. Motivo: roupas mal trajadas. Comeram bolinhos de chuva. Ao passar na frente de uma casa lotérica, Juquinha entrou e jogou na mega sena. Ganhou sozinho. O nacibo mudou sua vida e a de Rosinha. Comprou o restaurante e fez dela sua mulher e a chefe da cozinha.
Nacibo - [Do ár. na,Cb, ‘porção’, ‘lote’; ‘fortuna’, ‘sorte’.] - Substantivo masculino - 1.Sorte, fortuna.
Read MoreLoirinho, piloto, feinho, voava para o garimpo levando de tudo: comida, combustível, putas e principalmente garimpeiros. Sua base era a pista do Paapiú, mas fazia muitas pernas, o que lhe tomava quase todo o dia. Saia com o raiar do sol e voltava quando ele se punha, cansado, sem ânimo para nada, a não ser o banho, janta e cama. Sentia falta de mulher, só que não tinha tempo para ir até o puteiro. Um dia, levando Ritinha ‘boca de ouro’, no meio do voo arriscou uma cantada. Ela topou. Acertou preço e horário, só não o lugar. Para não perder a transa, assim que aterrissou foi ali mesmo, na nacela. Depois das pernas de Ritinha, foi cuidar das outras, de pista em pista, feliz, floresta afora...
Nacela2 - [Do fr. nacelle.] - Substantivo feminino - Espaço da fuselagem ou cabina dos aviões pequenos destinado ao piloto, à tripulação ou, eventualmente, a passageiros.
Read MoreJucimar era sujeitado arretado, atirado, sem medo de nada, não enjeitava desafio. Caminhoneiro, certa vez teve que parar uns dias numa vila do interior à espera do conserto de seu 12 rodas. Não havia o que fazer e na tarde do sábado, andava à toa quando ouviu a voz de uma jovem, pedindo ajuda. Correu e ficou sabendo: ela levava uma leitoa para vender e fazer dinheiro para a feira quando a bicha escapou e escafedeu-se brejo adentro. Encantado com a beleza da moça, e sabendo que o tédio estava por acabar, não teve dúvidas: atirou-se à caça da suína. Quando voltou com leitoa nos braços, todo sujo, labreado, ganhou uma recompensa que jamais esquece: o regaço quente e acolhedor de uma cabrocha.
Labreado - [Part. de labrear.] - Adjetivo - 1.Bras. N.E. Sujo, emporcalhado, breado, lambrecado.
Read MoreMaceió, ainda pequena, praias de arrecifes alagoados e outros encantos, levaram Casimiro vir de longe para conhecer os lugares de que tanto ouvira falar. Solitário, arredio, de pouca conversa, arranjou um guia, Manduca, que depois de levá-lo pra todo canto, propôs uma visita às lagoas no rumo sul. Alugaram um barco e foram entrando Mundaú adentro, gente pescando, gente passando, nada demais. Até que se deslumbrou com a jovem morena, labirinteira, na porta de um mocambo, sorriso nos lábios que mais pareciam favos de mel. Virou catador de sururu, fez do Mundaú seu novo lar e hoje quem quiser saber por onde anda Casemiro, basta ir à lagoa e o verá nos braços da sua mocambeira dos lábios de mel.
Labirinteira - [De labirinto + -eira.] - Substantivo feminino - 1.Bras. N.E. Mulher que faz labirinto (9):
Read MoreNapoleão era bom de escrita. Letra bonita, caprichada, sonhava ser jornalista, mas Juraci, dono do hebdomadário de Serra Branca, onde morava, não ia muito com a cara dele. O considerava inteligente demais para seu gosto. Na verdade, era pura inveja e ciúme, medo de ver alguém melhor que ele no arranjo das letras. Certo dia Jura recebeu uma colaboração anônima, pequena crônica falando das belezas das moçoilas serra-branquenses. Espantou-se com o texto bem escrito, as palavras elegantes, poesia temperando as linhas. Assuntou, desconfiou e antes de publicar, quis saber do autor. Não publicou e ao ser questionado do porquê, apenas respondeu: “É um labéu que despudora a pureza de nossas virgens”.
Labéu - [De or. obscura.] - Substantivo masculino - 1.Nota infame ou infamante; 2.Mancha na reputação; desdouro, desonra.
Read MoreNo início o ruído à minha volta tornou-se tão constante – e irritante – que prometi a mim mesmo que não ia aderir ao modismo.
Logo, vi que não ter o aplicativo me tornava um alienado. Capitulei e troquei meu antigo e querido aparelho celular analógico por modernoso smartphone – com tantas utilidades que, tenho certeza, não vou utilizar nem 10% delas até o dia de minha morte – e instalei o WhatsApp.
No inicio, me apaixonei pela nova modalidade de comunicação. A paixão começou a sumir no dia em que começaram a me adicionar a grupos e eu passei a receber mais de mil mensagens por dia. Destas mensagens, poucas eram aproveitáveis.
As mesmas piadinhas sem graça são enviadas por quase todos os integrantes de diferentes grupos. Mensagens de “bom dia”, “boa tarde”, “boa noite”, “bom fim de semana”, “bom domingo” cheias de flores, animaizinhos, crianças, paisagens e músicas românticas passaram a ocupar o espaço de memória de meu aparelho e a encher de impaciência o meu saco.
Filmes de sacanagem e sexo explícito e vídeos com pegadinhas ridículas fazem parte do pacote.
Comecei a dedicar boa parte de meu precioso tempo a excluir-me de grupos que tinham me adicionado sem me consultar e deletar mensagens idiotas e desinteressantes. Comecei, também, a ter ódio do WhatsApp.
Usuários do WhatsApp acham que temos de estar prontos para ler, ver, ouvir e, se for o caso, responder às mensagens que nos enviam a qualquer hora. Há os chatos que te encontram na rua e, mostrando o display de seus aparelhos, perguntam: “Tu viste essa?”
E o aplicativo é fofoqueiro. Se você, por algum motivo, alega não ter recebido determinada mensagem, o interlocutor corta: “Recebeu sim. Às 10h43 os pauzinhos ficaram azuis. Além do mais, vi que tu ficaste on-line até as 11h37; falavas com quem?”
Já aconteceu de ouvir o sinal anunciando mensagem às três da manhã. Com filhos e mãe - de 92 anos de idade - morando fora do Estado, vi-me obrigado a despertar, revirar-me na cama com todas as dores que a coluna me dedica, pegar o celular na mesinha de cabeceira, digitar a senha do aparelho e ler: “Dormindo?” Resposta: “Estava até a hora que você me mandou a porra dessa pergunta!” Claro que a vontade de digitar um palavrão é grande.
Nada contra a modernidade. Celular é útil e WhatsApp é prático, mas, por favor, tenhamos um pouco mais de respeito como nossos semelhantes.
Em tempo: se alguém me adicionar a algum grupo depois de publicado esse desabafo, pode considerar-se meu inimigo. Belém, belém, nunca mais fico de bem.
Eu lia um jornal de Manaus e vi uma notícia sobre a novel Avenida das Torres.
Trata-se de via expressa que corta parte da capital amazonense.
Via de alta velocidade, que fica mais rápida à noite.
Recordei de um episódio ocorrido comigo nessa avenida.
Quase me envolvi em um acidente, que provavelmente seria fatal.
Eu andava dirigindo meu carro, à noite, já altas horas.
Como não conhecia bem o lugar, sem querer adentrei na avenida sem parar!
Talvez por ser obra recente, não havia placa de PARE na rua onde eu andava.
Eu achava que estava na preferencial...
Cruzei, e uma picape veio na minha direção pela via preferencial.
Andava com velocidade superior a uns 100 km/h.
Cruzei a avenida, quase junto à picape.
Foi possível sentir o vento dela passando por detrás do meu carro.
Um segundo a menos, e colidiria com minha porta.
Provavelmente eu sofrereria uma lesão grave ou mesmo fatal.
Desta recordação, outras cenas surgem, na minha parede da memória.
Moleque, de bicicleta, uma vez fui querer segurar em um caminhão, pegando carona.
Todo mundo fazia isto, achei que seria fácil. Segurei com a mão esquerda o caminhão, e com a direita o guidão da bicicleta.
Era frio e eu usava uma jaqueta.
Não sei o que aconteceu, mas minha roupa ficou presa no caminhão.
Este corria cada vez mais, e eu não conseguia me soltar.
De repente chegou um quebra-molas, e o caminhão reduziu a velocidade. Com salto do quebra-molas eu pulei, e minha roupa soltou.
A bicicleta desgovernou, e fui ao chão, mas miraculosamente nada aconteceu.
Menino ainda, resolvi descer um escorregador na lateral de uma piscina funda.
Estava vazia, e tive uma "ideia brilhante": desceria até o fim da rampa e, antes de cair na água, com os pés eu parava.
Detalhe: EU NÃO SABIA NADAR!
Claro que não consegui parar e caí na água.
Houve um milagre: invés de eu morrer afogado, aprendi a nadar!
Outra vez, já adulto, entrei numa construção.
Deveria usar capacete, mas não usei.
Erro também quem deixou-em entrar sem a proteção.
Uma barra de ferro cai do alto em cima de mim.
Quando eu virei para ver o que acontecia, tirei a cabeça de sua trajetória.
Senti o vendo nos meus ouvidos. O impacto foi tão forte que perfurou o piso.
São muitas as cenas 'POR UM TRIZ' na parede da memória.
O céu não me chamou em nenhuma destas ocasiões.
Acredito que Ele quis me dizer que ainda tenho muito a fazer por aqui.
Certamente o Criador, com sua concessão, espera que eu faça o bem.
Espero não desapontá-lo!
Read MoreOlá, queridos do meu Brasil.
O que tenho visto de mulher abraçada em pé de cajueiro depois da receitinha que passei aqui não está na conta. Se acalmem! O chá pra buceta não é milagroso. Se estiver muito afolozada, só fazendo cirurgia pra deixar a perseguida bem justinha, original.
Se bem que tem homem que nem liga se está apertada ou frouxa. É. Tem neguinho trocando buceta por Pokémon. Espiem esta conversa:
Tia Lyka
Namoro um rapaz há oito meses. De uns tempos pra cá, ele começou a sair com um amigo de infância para caçar Pokémon. Ando meio desconfiada, esse colega dele nunca teve namorada; será que meu amado anda trocando perereca por pinto?
Augusta Aurelina S. Pinto, professora, 38 anos
Querida Augusta
Não vou te enganar: Parece que essa Coca é Fanta.
Tá bom, não chora. Vamos pensar que o rapaz não teve infância e agora quer compensar o tempo perdido brincando com o amiguinho. Mas se você não quer perder o bofe, bom entrar na brincadeira e sair à caça dos bichinhos.
Eu, quando brincava de manja-esconde (gostava mais da manja trepa) sempre dava uma recompensa pros meninos: o primeiro que me achasse, levava um boquete. Não sei até hoje por que só colocavam eu pra me esconder.
De lá pra cá, muita coisa mudou, ninguém mais brinca de amarelinha, manja, queimada. As brincadeiras agora estão na tela do computador, nos smartphones, mas a essência dos joguinhos de procura acha continua a mesma: sedução, descoberta. A sensação é a mesma que dar uma pirocada da vida: os meninos “pira”.
Portanto, use a curiosidade dos rapazes a seu favor. Quando o Coca e o Fanta, digo, teu namorado e o amiguinho dele forem jogar, enrabicha atrás e propõe premiação: a cada bichinho encontrado, um boquete bem demorado.
Só precisa ficar atenta pra esses bichinhos não se esconderem em cu de caboco. Caso isso aconteça, pode guardar a buceta pra outro e deixa os meninos se divertirem com os Pokémons.
Fui!
Read MoreGente!
Tem coisa melhor do que meter numa perereca apertadinha ? A minha é mais arroxada do que cu de sapo. Querem saber o segredo? O primeiro deles é fazer exercícios vaginais pelo menos três vezes por semana. Eu já ensinei aqui, perderam essa aula?
Vamos fazer uma revisão rápida. O curso completo estarei vendendo em breve na internet. Não vou ficar aqui contando meus segredos sem ganhar um tostão. Comigo é assim: dinheiro na mão, calcinha no chão.
O exercício é bem tranquilo, pode ser feito na fila do banco, vendo novela, no cabeleleiro e até em velório. Contraia a vagina como se estivesse prendendo o xixi. Prende, solta, prende, solta. Repita pelo menos 10 vezes seguida, descansa; depois faz de novo.
Essa prática vai fortalecer as paredes da sua vagina (também uso nome bonito pra buceta, tá!) e deixar seu bofe magya louco de tesão. Tem outra dica que é pra mulher sem vergonha e chifreira que nem a Francemeire Augusta do O. Grande, 46 anos. Olha o aperreio da maranhense:
Tia Lyka
Venho por meio desta pedir socooooro!
Depois de um mês fora de casa, meu marido deve chegar de viagem dia 20 de agosto. Arrumei um negão que tem uma lapa de pica. São 17 centímetros contra 11 do meu esposo. Além de grande, é grossa que aaaarde.
O que eu faço pra ficar arrochadinha antes de ele chegar? Não quero morrer degolada. Por favor, me ajude!
Querida France do O Grande,
Anota aí, malacabada:
Faz um chá com a casca do cajueiro, deixa esfriar, depois coa e guarda. Pega uma bacia e higieniza (álcool ou água quente) para fazer um banho de assento.
Antes do asseio, lave bem a queca, tire o sebinho. Depois, coloque água morna e o chá na bacia, mergulhe a perereca e deixe ela lá se afogando por uns por 15 minutos. Fazer só umas duas vezes por semana para não ter ressecamento. E nada de fuder com o negão nesses dias.
O resto é deixar com o pau pequeno.
Fui!
Read MoreHá muito tempo, o Departamento de Trânsito do Distrito Federal foi exemplo de bom atendimento e respeito ao público. As cidades incharam, a frota automobilística, proporcionalmente, cresceu mais do que a população, e o Detran-DF, infelizmente, parou no tempo. Perdeu a corrida.
A qualidade dos serviços deixa a desejar. Se você não madrugar às portas da repartição, dificilmente conseguirá resolver seus problemas.
Cedo, entrei na fila para vistoriar o surrado Corsa. Às 11h30, saí do veículo para alimentar pulmões e estômago. Nicotina e alcatrão para o primeiro e um salgadinho safado para o segundo.
Lá longe, vi uma figura que me pareceu familiar. Seria o Mangulão?
O corpo arredondado, a barriga proeminente, os cabelos esbranquiçados e aqueles óculos que eu não conhecia provocaram dúvidas. Os mais de dois metros de altura e o desajeitado jeito de andar, porém, me deram a certeza. Ali pertinho de mim, estava um colega de faculdade. Colega de 40 anos atrás.
Surpresa maior: ao seu lado, em vestido solto cobrindo enorme barriga, Celinha, a sua namorada dos nossos tempos de CEUB.
- Mangulão!?!?
A figura me estudou por alguns minutos e, logo, um sorriso se abriu:
- Índio? Não é possível! Celinha, ‘ocê num tá reconhecendo o Índio?
Abraços, cumprimentos, perguntas, lembranças...
- Puxa vida, estou feliz pelo reencontro. Mais feliz por saber que vocês casaram e que ainda tão fazendo menino.
Mangulão abriu um sorriso, puxou-me pro lado e confidenciou:
- Que menino que nada, rapaz. Eu tou mexendo com revenda de automóveis e tenho que vir ao Detran todos os dias. Com essas filas enormes, eu não dou conta de resolver meus negócios. – E arrematou. – Resolvi comprar uma barriga postiça para a Celinha e ela, diariamente, monta a gravidez para ter atendimento preferencial...
Com um tapa nas minhas costas, ele encerrou:
- Tu tá pensando que eu sou leso? Já faz mais de um ano que ela tá “grávida”...
É. Zé Eustáquio, o Mangulão, meu colega de faculdade, não mudou nada.
Read MoreOlá, queridos
Sem querer ser feminista – detesto rótulos que nos marcam que nem vaca no pasto – mas acho importante abordar um assunto que tem deixado muita mulher independente sem rola fixa. É, fofas, ter profissão, casa e carro próprios e saber onde fica o botãozinho de gozar pode jogar você na estatística das “sem marido”.
E vamos combinar que a gente gosta de ter um pau gostoso em casa pra fazer saliência. Adoro! A diferença é que eu emito fatura.
A Deyse Sobral dos Santos Padilha, jornalista, 23 anos, já enfrenta o problema por se bancar. Vejam o que a escriba diz:
Titia linda e maravilhosa, que sempre tem solução para nossos problemas sexuais (os mais destruidores de vidas),
Gostaria de saber por que os homens de hoje em dia têm tanto medo da gente que trabalha, é formada e independente? Eu pensei que deveria ocorrer o contrário, mas parece que os caras se intimidam. E quando vou pra cima e faço um super boquete, o cara fica louco, mas também parece se sentir incapaz de dar conta do recado "todo".
Querida, Deyse!
Adorei o “titia linda e maravilhosa”. Parece até ser da família (risos).
Vê só: imagina que prender o xixi foi a única sensação de orgasmo que sua vó teve a vida toda. De lá para cá, evoluímos bastante. Hoje tem vibrador, sela da bicicleta, massagem erótica, Pokémon, o caralho de asa para nos dar prazer.
É muita ferramenta disputando com as pirocas. O homens num guenta, fia. Quando eles vêem uma mulher com diploma, chave do carro na mão, pensam logo: “Fudeu! Vou ter que me esforçar. Nada de meter e gozar logo”.
É nessa hora que a gente tem que dar uma de “mulherzinha”. Como? Ficar manhosa, dizer que ele tem a maior pica do mundo, que ele é forte, machão. Fala isso no ouvidinho dele que, aposto meu cu, vai ficar de pau duro por três dias.
Caso dê errado, tem muito pedreiro dando sopa por aí: são viris, gostam de trepar e vão te tratar como princesa. Depois, você paga um curso de engenharia pra ele.
Ui!
Read MoreAtendendo convite do governo, que precisava de professores para expandir a rede escolar, Erasmo Sabino de Oliveira mudou-se para Roraima. Em Boa Vista, enquanto se dedicava à educação de adolescentes, viu possibilidades de ganhar dinheiro no setor imobiliário. Se deu bem.
No final do século passado, numa dessas campanhas de governo em tempo de crise, a Caixa Econômica Federal alardeou que teria bastante dinheiro para financiar quem quisesse investir em casas populares.
Ao saber que existiria verba fácil para o setor, o empresário, destemido, resolveu que aquele seria o momento de alavancar seus negócios.
Ao ver o projeto de Erasmo, o gerente do banco federal assegurou-lhe que, depois de análise da documentação, o dinheiro seria liberado. Com aquela garantia verbal, para ganhar tempo, o potiguar resolveu iniciar a construção de seu conjunto habitacional.
Depois de um mês de desembolso, a fonte secou e o financiamento oficial não havia saído. “É questão de dias”, garantiu-lhe o gerente. Para não parar, Erasmo passou a comprar fiado o material necessário para dar andamento nas obras.
Sessenta dias se passaram e o empréstimo não tinha sido aprovado. O gerente disse que logo, logo, a grana estaria na conta do empreendedor. Desmobilizar equipes redundaria em prejuízo. Além do mais, sem reservas, como pagar rescisões trabalhistas? A saída: pedir dinheiro emprestado a agiotas e tocar o que havia iniciado.
Já bastante endividado no comércio e pendurado em mãos de agiotas, Erasmo soube que a carteira para o financiamento que ele pleiteara havia sido fechada.
Desespero. Apelar pra quem?
Ao ouvir lamúrias do empresário, Marivaldo Barçal, advogado, prometeu levá-lo a Brasília para falar com Romero Jucá. Para o influente senador, não seria difícil mobilizar a Caixa Econômica Federal e resolver o problema de Erasmo.
Passagens foram compradas com cheque pré-datado. Difícil foi convencer dona Dalva, proprietária da boutique Shalon a vender-lhe fiado um paletó.
Numa sexta-feira, Marivaldo e Erasmo embarcaram juntos para encontrar-se com o senador às oito horas de segunda na capital federal.
No gabinete, além do senador, estavam presentes uns oito homens vestindo elegantes e finos paletós pretos: os picões da Caixa Econômica Federal. Romero Jucá iniciou o discurso:
- Senhores, esta reunião foi agendada para ver se, juntos, conseguimos encontrar uma solução para o problema deste grande empresário roraimense. Erasmo enfrenta sérias dificuldades desde que a Caixa Econômica fechou uma carteira de crédito e está a ponto de parar um dos maiores empreendimentos imobiliários de nosso Estado.
Com um olhar, o vice-presidente consultou o presidente da Caixa Econômica Federal; sentindo-se autorizado a falar, dirigiu-se ao empresário:
- Quantas casas o senhor está construindo?
Apesar de nervoso, Erasmo respondeu alto:
- 55.
Os homens da Caixa se entreolharam, o senador Romero Jucá mostrou-se nervoso. O vice-presidente da instituição reinquiriu Erasmo com certo sarcasmo:
- Quantas?
Erasmo respondeu pausada e nervosamente:
- Cin-quen-ta e cin-co.
Os homens da Caixa abriram risadas, Romero Jucá ficou vermelho de vergonha; o presidente fechou:
- Senador, problemas desse tamanho, a gente resolve com um telefonema...
Erasmo ficou satisfeito com a promessa de que seu financiamento seria liberado no dia seguinte. Depois de agradecer o senador Romero Jucá pela ajuda, pediu-lhe R$ 200 reais emprestados para pagar o táxi.
- Senador, problemas desse tamanho, a gente resolve com um telefonema...
Erasmo ficou satisfeito com a promessa de que seu financiamento seria liberado no dia seguinte. Depois de agradecer o senador Romero Jucá pela ajuda, pediu-lhe R$ 200 reais emprestados para pagar o táxi.
Read MoreSaudade, muita e boa saudade!
Esta a melhor para palavra para descrever a sensação que tive ao ver uma foto do principal elenco da primeira versão do "Sítio do Pica-pau Amarelo" - série de televisão baseada na obra do escritor Monteiro Lobato, criada e transmitida pela Rede Globo no final dos anos setenta e início dos oitenta.
Os personagens da foto eram Dona Benta, Tia Anástacia, boneca Emília, Visconde de Sabugosa, Pedrinho e Narizinho. Estes os principais, de todos os episódios.
Mas havia outros, a bruxa-jacaré Cuca, o saltitante Saci Pererê, Tio Barbabé, o porquinho Marques de Rabicó, o burro-sábio Conselheiro...
Vendo isto, parece que retorno no tempo. Meus pensamentos voam e, como num filme, assisto-me em uma cena.
Estou saindo da escola, segundo, terceiro ou quarto ano do primeiro grau.
Naquele tempo se chamava assim. Hoje, o quarto e quinto anos do ensino fundamental.
Eu saía das aulas querendo chegar logo em casa, para assistir ao 'Sítio'.
Estudava à tarde. Saía rápido pelas ruas entre a escola e minha casa, calculando a velocidade dos passos para chegar na hora de o programa começar.
Usava uma mochila tipo pasta, ia alternando de uma mão para a outra, para não incomodar.
Antes, um copo de leite, pãozinho, alguma fruta, e... televisão!
Quantas gerações de brasileiros não fizeram isto.
Depois as crianças da série cresceram, e colocaram outras. Mas a primeira versão é inesquecível.
Quanta infância, quanta alegria, quanta criatividade.
A magia de Monteiro Lobato, a competência dos atores e produtores.
Sim, pois os artistas da televisão se uniram com o artista das letras.
O resultado foi sempre um bom episódio.
Havia humor, suspense, conhecimentos técnicos e morais, inteligência emocional.
Quanta alegria, que saudade!
Pergunto-me se Monteiro Lobato teve aquela infância? Ou se inspirou na de seus filhos? Se foi assim, que paizão foi ele.
E, porque não falar, quanto brasilidade!
A Cuca, apareceu aqui agora.
O Visconde de Sabugosa, sempre um cientista, um sábio.
Emília, a percepção feminina aguçada em tudo que olhava.A música tema, seu refrão, "Sítio do Pica-pau amarelo, sítio do pica-pau amarelo...! Um trecho da música de um episódio: "Sete piratas sobre um caixão, ho!, ho!, ho!, e uma garrafa de rum. No fim da bebida, saiu confusão, ho!, ho!, ho!, e não sobrou nenhum! Tum tum tum tum tum tum". Cantada em coro. Que boa recordação!
Passado sim, mas a alegria inesperada que estas lembranças trouxeram é presente, sentida aqui e agora.
O bom passado é sempre presente, uma alegria conquistada na estrada da vida.
Que o espírito de Monteiro Lobato reencarne, para criar histórias na era da internet, para as crianças de hoje!
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