Não gosto de conversar com estranhos. Quando viajo, levo comigo algumas revistinhas de palavras cruzadas e, para evitar papos desinteressantes, me entrego aos quebra-cabeças.
Um belo dia, ali pelos anos 1980, de viagem para Brasília, com conexão em Manaus, entrei em Boeing 737 da Varig e, avião praticamente vazio, sentei-me em lugar marcado numa das primeiras fileiras de poltronas.
Abri minha revista e abandonei-me nas horizontais e verticais. Ou melhor: quase me abandonei na “Recreativa”, pois, logo, um homem diminuto, vermelho como tomate, trajando camisa oficial do Clube de Regatas do Flamengo, cumprimentou-me e se dizendo “feliz por ter com quem conversar durante a viagem”, aboletou-se na cadeira ao lado, apertou o cinto e abriu a boca em interminável monólogo.
Joãozinho Melo, figura carimbada entre roraimenses mais antigos, como bom descendente de paraibanos, não deu sossego a meus ouvidos durante os 60 minutos de voo que separavam Boa Vista de Manaus.
Eu não conseguiria ser desatencioso com pessoa tão querida e inocente. Depois de fechar minha revistinha, passei a ouvi-lo – e concordar com tudo o que ele falava. Disse-me que estava indo a São Paulo para convenção do PMDB, partido sob cuja sigla ele se elegeu vereador de Boa Vista, “e, aproveitando a oportunidade, vou ao Rio de Janeiro pra ver o Mengão dar uma peia no Fluminense”, sentenciou empolgado com sua agremiação política e seu time de futebol.
Ao descer no aeroporto de Manaus, a pretexto de fazer compras em lojinhas ali mesmo no terminal de passageiros, dei um perdido em João Melo e rezei para que pudesse viajar tranquilo, sem ouvir conversa alguma, durante as duas horas e trinta minutos que enfrentaríamos entre Manaus e Brasília.
Entrei no Airbus 210 e, sabendo-a quase vazia, corri a isolar-me na última fileira de poltronas. Antes que eu conseguisse abrir meu livrinho de palavras cruzadas, ouvi a voz alta e em falsete de João Melo: “Eita, parente, esse avião é tão grande que eu quase não consigo te encontrar”. Lasquei-me.
Obrigado a dividir a atenção entre jogadas de mestre feitas por jogadores do Rubro-negro e lances dos bastidores da política roraimense. Depois da aterrissagem e despedidas no Aeroporto Internacional de Brasília, Joãozinho sentenciou: “Parente, pra mim só existem dois homens no mundo: Ulisses Guimarães na presidência do PMDB e Márcio Braga na presidência do Flamengo”.
Read MoreNa semana passada, a Prefeitura de Vitória da Conquista, na Bahia, determinou que carroceiros da cidade tenham habilitação e seus respectivos cavalos usem fraldões, a partir da segunda quinzena deste mês, para não sujar as ruas da cidade.
Além da carteira, a carroça deverá estar emplacada e licenciada. Menores de 18 anos não poderão “pilotar”. A punição para quem não cumprir a lei é a apreensão do animal. Outra cidade baiana e duas fluminenses já haviam adotado tal medida.
A população, claro, chiou, ressaltando que problemas de segurança e ruas esburacadas são mais importantes do que a preocupação da administração local em evitar “cacas” de cavalo pelas ruas.
A ideia, embora não seja original, tendo em vista que outros municípios já a haviam adotado, poderia ser abraçada pela Prefeitura de Boa Vista, “incrementada” e estendida a condutores de veículos motorizados da cidade, principalmente àqueles que costumeiramente fazem “cacas” mais fedorentas (e de fato arriscadas) do que as dos animais da cidade baiana.
Mas creio que o uso obrigatório de fraldões os faria pensar bem antes de cometer qualquer porcaria no trânsito, principalmente quando envolve terceiros.
Ou será que não podemos dizer que tão irracionais quanto os equinos são os condutores que insistem em trafegar alcoolizados, não costumam dar seta, invadem sinal vermelho, param em faixas de pedestre e fazem tantas outras barbaridades quando estão atrás de um volante ou guidão de uma moto?
Como num velho dito popular lá das bandas da Bahia, há gente que para ser cavalo só precisa das patas.
Enquanto os equinos puxam carroças, há os motoristas que, se comportando como aqueles animais, invertem os papéis e com duas patas ao volante e as outras duas nos pedais dos veículos, os conduzem como se carroças fossem.
Read MoreMeninos e meninas,
Há males que vêm para o bem e coisas boas que vêm para o mal. Explico: venezuelanas que vendem o corpo no bairro Caimbé festejam a recente ação da Polícia Federal e, como o número de quengas diminuiu, os preços de qualquer programa aumentaram; por outro lado, clientes das putas importadas reclamam que essa mesma ação da PF provocou inflação no mercado e quem cobrava R$ 80 está cobrando até R$ 150 por uma saida básica.
Mas deixemos quengas e economia de lado e vejamos a situação vivia pela secretária Maria do Rosário.
Tia Lyka,
Tenho 23 anos e sou virgem. Sabendo disso, minhas colegas, de brincadeira, me deram um pênis com vibrador pelo meu aniversário. Resolvi experimentá-lo e gostei da brincadeira. Tenho sentido sensações ma-ra-vi-lho-sas. Hoje, sinto vergonha dessas sessões de masturbação e, na igreja, fico com medo que o pastor veja as mudanças que vêm ocorrendo comigo. O que faço é pecado?
Querida Maria,
Masturbação existe entre todos os animais. Com o ser humano é muito mais gostosa pois somos os únicos seres que praticam sexo por prazer. Quem garante que pastores, padres, freiras, monges e rabinos não se masturbem e procurem os prazeres do sexo? Se você se dá bem com o brinquedinho, continue com suas brincadeiras. Tenha certeza de que você não está fazendo mal pra ninguém; pelo contrário, está fazendo um bem para si mesma. Lembre-se de trocar as pilhas, pois, se vazarem, o ácido delas pode machucar sua queca.
Fui!
Read MoreObservo pessoas repetindo histórias de sua vida. Cheguei a achar isto falta de inovação. Hoje, entendo. Se vivêssemos eternamente, talvez nem teríamos passado. Como não é assim, nossa passagem por este mundo se torna um somatório de momentos. Daí os momentos marcante são contados repetidamente.
Tenho algumas histórias de vida que sempre contarei. Uma destacada certamente é sobre um detalhe no concurso de ingresso no Ministério Público de Roraima. Um desvio intenso e ao mesmo tempo definidor da minha trajetória.
Devo a aprovação a isto que faço agora: ESCREVER. Claro que devo a meus pais, ao meu esforço, aos estudos, livros e professores e, evidentemente, à sorte. Mas, o diferencial foi a redação. Explico.
Em 1997 eu fazia todos os concursos que apareciam. Queria um cargo de operador do Direito, e especificamente promotor de justiça. Saiu o edital, e fiz inscrição para o concurso de promotor em Roraima. Tudo era difícil e concorrido.
Voltando mais no tempo, tive o privilégio de ter um curso específico de redação onde eu morava. Era semestral. Gostei tanto que cursei três vezes. Recomendavam aos alunos fazer duas redações por semana. Eu fazia uma ou mais por dia! Um amor eterno ali surgiu com o manuseio das palavras.
Retornando ao concurso, faria num sábado prova de múltipla escolha. No domingo haveria uma dissertação, que deveria ocupar todo o espaço disponível. Seria corrigida pelo conteúdo jurídico e qualidade do texto.
Eu até que era preparado, mas o conteúdo das matérias era extenso. Na quinta-feira anterior, li um texto de apenas uma página sobre HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL. São critérios para interpretar uma constituição. Literalmente, apenas analisando o texto. Sistematicamente, analisando-a como um todo. Históricamente, conforme o momento em que foi elaborada. Teleologicamente, conforme o objetivo de cada dispositivo. Entre outros critérios. Algo amplo e complexo.
O tema da dissertação foi justamente Hermenêutica Constitucional! Um tema que conhecia pouco, mas tinha aquela pequeno texto na cabeça. Graças à prática de escrever, preenchi todo o espaço. E, do pouco que li, pude desenvolver extensos e lógicos raciocínios. Com pouca tinta, pintei uma área extensa!
Resultado: obtive a nota mínima necessária na dissertação. Foi o suficiente para seguir e desenvolver as outras fases. No fim, aprovação e rápida nomeação. É assim, então, que devo à redação, uma arte ou técnica, a um dos principais momentos de minha vida. Isso há 19 anos!
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Meninos e meninas,
Ainda bem que nossa liberdade chegou. Apesar de tímida em alguns assuntos, hoje podemos fazer quase tudo o que nossos parceiros fazem. Sem remorsos. Eu, graças a Deus, depois de passar nove anos no mesmo quarto com um só homem, me libertei. Hoje, dou pra quem quero, na hora que quero. Só não dou se o boymagia não quiser.
Diante dessas mudanças comportamentais, motorista de táxi, que pede anonimato, sofre com o chifre que a patroa está lhe pondo por vingança e consulta:
Tia Lyka, Depois de 14 anos de casado, descobri que minha esposa está caçando rola noutros poleiros. Temos falado em separação e, pelo jeito, será litigiosa. Pergunto, se eu provar que ela está me traindo, ela perde direito aos bens e à guarda das crianças?
Meu caro motora, já foi o tempo em que chifre colocado por mulher trazia prejuízo na hora da separação. E você está sendo egoísta, pois, pelo Whats, você me disse que a patroa descobriu há algum tempo você tem uma teúda e manteúda no Raiar do Sol.
Vou lhe dar conselho que ouvi há muito tempo, quando de minhas andanças pelo Ceará. Como se trata de chifre trocado, vocês podiam passar a régua e se comprometerem a mudar de vida. Lute para não chegar ao divórcio, pois seu prejuízo pode ser grande. Veja: se houver separação, você vai perder metade de seus bens e a totalidade da periquita da patroa; se levaram o casamento adiante, numa boa, você
garante 100% do patrimônio e, pelo menos, 50% da periquita da companheira.
Como diz mestre Afonso Rodrigues de Oliveira: pense nisso.
Fui!
Read MoreDepois do fiasco contra a Alemanha na última copa e do fraco desempenho sob a batuta de Dunga, a Seleção Brasileira de Futebol parece estar achando seu caminho. Assim sendo, o verde-amarelo da camisa de nossos jogadores volta a empolgar torcedores.
Expectativas, críticas às convocações, a eterna disputa com a Argentina, o medo de que equipes menores possam surpreender, o receio de enfrentar seleções famosas e maceteadas, tudo isso faz parte do dia a dia dos papos em esquinas e mesas de bar. O esporte trazido por Charles Miller par o Brasil, enfim é papo recorrente.
Causos também. Há muita coisa interessante no anedotário do futebol Brasileiro.
Quase todo cidadão boa-vistense com mais de quarenta anos conheceu Áureo Cruz. Nem que seja de ouvir falar. Elegante, galanteador, ele era uma espécie de príncipe no reino da Macuxilândia.
Nascido de família abastada, as poucas vezes em que trabalhou foram para tirar algum proveito social ou investir em nova paquera. Áureo, entre outras coisas, foi diretor e locutor da Rádio Difusora Roraima. Apaixonado por esportes, fazia parte da Federação Roraimense de Futebol e do quadro de árbitros local; Áureo, também, era torcedor fanático do Atlético Roraima Clube.
Estádio João Minieor, alguma tarde dos anos 1960. Lotado. Mais de 30 pessoas ocupavam o palanque coberto de zinco; umas 80 se aboletavam no alambrado de madeira que isolava o campo de terra. De terra não: de barro. Naquele tempo, não existiam gramados em Boa Vista. O povo esperava o início do clássico: Baré X Roraima. Só havia dois clássicos no território: Baré X Roraima ou Roraima X Baré.
O primeiro tempo da partida terminou zero a zero. O segundo seguia modorrento. Os atletas suavam a cachaça ingerida no sábado; estavam amis pra tomar água do que pra correr atrás da bola. Aos 32 minutos, Roberto recebeu um lançamento e, de trivela, chutou contra a meta guardada por Guilherme. Mário Rocha acordou para mexer no placar.
Áureo Cruz, o árbitro, se desesperou. Ameaçou até expulsar o bandeirinha que não tinha marcado o off side¹. Do reinício do jogo até o fim dos 45 minutos regulamentares, o Baré prendia a bola e administrava a vitória. A torcida alvi-rubra festejava a conquista do troféu Governador do Território.
Quarenta e seis minutos. O árbitro, sem encarar o público, deixava a bola rolar. Quarenta e oito, quarenta e nove, 50 minutos. Abdala Fraxe ameaçava invadir o campo. Aos 57 minutos, Tracajá roubou a pelota do center half² barelista e, morrendo de cansaço, chutou contra a meta de Zé Maria. Chute chocho. O goleiro escorregou, caiu e a bola entrou. O árbitro sorriu e deu um pulo com a mão fechada para cima; em seguida, recolheu a redonda e apitou o fim da partida. Pronto. A final do torneio ficou transferida para o próximo domingo.
Protegido pelos guardas territoriais, Maxixe, Duca, Coivara e Cento-e-seis, o juiz cruzava o portão do estádio sob protestos da torcida do Baré, quando Antônia Mariê aproximou-se de Áureo, meteu-lhe o dedo na cara e disparou:
- Juiz ladrão!!!
Áureo, com empáfia, antipatia, imponência, prepotência e ironia, respondeu à torcedora:
- O juiz pode ser ladrão, mas é soberano.
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off side¹ - impedimento.
center half² - meio de campo
Read MoreOlá, coleguinhas,
Agora deu. Prima minha veio passar uns dias em Boa Vista e ficou apavorada porque me viu receber três homens diferentes em três saídas. Disse que eu sou muito fácil e que, assim, não vou arranjarninguém pra viver comigo. Mas, cá pra nós, quem disse que eu estou atrás de companheiro? Essa experiência eu já tive. Se pintarem dez homens, eu dou dez vezes. Sem remorso. Quem sabe se amanhã estarei viva? Por coincidência, a professora Anita dos Santos, 41 anos, consulta sobre isso de dar na primeira ou guardar a queca pra depois.
Tia Lyka,
Estou perdida. Conheci um cara no Facebook e ele vem passar o feriado de 1º de maio em Boa Vista. Em nossos papos, trocamos algumas intimidades. Pergunto: dou pra ele no primeiro encontro, ou me guardo para depois?
Anita,
Importante é o clima. Se rolar tesão, por que não dar? Você acha que o boymagia vem para uns jantarezinhos e fazer passeios turísticos com você?
Se o cara enfrenta 700 quilômetros pra te ver, ele vem atrás de tua periquita. Se você não der, pode ser que ele encontre alguém e te delete do rol da amizades no Face.
Veja que você já está nos enta e a concorrência é braba. Com essa falta de macho de verdade, as menininhas estão dando sem nem se preocupar se o caboco é feio ou se vai rolar um bis.
Não leve meus conselhos como incentivo, mas, sem dar, o risco de perder o visitante é grande. E como é que ele pode querer bisar se não teve a primeira vez?
Dê, minha filha. Dê e goze gostoso.
Fui!
Read MoreDoutor Francisco Elesbão da Silva, médico baiano que adotou Boa Vista para viver e morrer, dizia não conhecer povo tão espirituoso, tão sacana, quanto o povo de Roraima. Bambão se divertia com o anedotário macuxi. Como se não bastassem as histórias protagonizadas por nossa gente, de vez em quando, pessoas vindas de longe tomam para si o papel principal de causos interessantes.
Criado em 1943, o Território Federal do Rio Branco recebia governadores escolhidos na capital do Brasil. Muitas vezes, esses governantes eram pessoas inconvenientes para o Executivo federal, que, para ver-se livre de aporrinhações, mandava-os para bem longe. Mais longe do que o Território do Rio Branco? Impossível.
Lá pelo final dos anos 1950 – ou início da década de1960 –, o novo governador trouxe em sua equipe, um tenente que, na função de ordenança, fazia tudo o que seu mestre mandava. Insistente e persistente, tenente Palma Lima conseguiu ser nomeado prefeito de Boa Vista.
Palma Lima era apaixonado pelo Exército e tinha verdadeira adoração pela farda verde-oliva. Sempre usando impecável uniforme engomado e vincado, sapatos tão brilhantes que refletiam a luz do sol, óculos Rayban – independentemente do local e da hora do dia –, o tenente gostava de desfilar entre sua moradia, na Praça do Centro Cívico, a residência governamental, na avenida Jaime Brasil, e o Palácio do Governo, na esquina da rua Coronel Pinto com a avenida Getúlio Vargas. Narcisista ao extremo, ele imaginava que a população o admirava da mesma maneira que idolatrava os astros do cinema americano daquele tempo.
No peito, Palma Lima carregava muitas medalhas. Até hoje, não sei onde nem como o militar conseguiu tantas comendas. Dizem até que ele comprou alguns daqueles enfeites. Na cidade, a empáfia do militar tornou-se motivo de piada e deu origem a algumas expressões. Se um cidadão comparecia muito elegante a qualquer acontecimento, alguém comentava: “Tu estás mais bonito do que a farda do tenente”; se uma mulher surgia com brincos, pulseiras e cordões de ouro exagerados, ouvia: “Tu estás mais dourada do que o peito do Palma Lima”.
O tenente sentia tanto orgulho da farda que fazia questão de pendurá-la na janela de seu quarto no Hotel Boa Vista, hoje, Aipana Plaza. Com as medalhas cuidadosamente viradas para a entrada do estabelecimento, claro.
Exonerado o governador, Palma Lima deixou Boa Vista.
Certo dia em Manaus, lanchando na Sorveteria Siroco, olhei para o lado e vi, na janela de apartamento térreo do pequeno Hotel Ideal, uma jaqueta verde-oliva bem passada, bem vincada. Dezenas de medalhas naquela peça de roupa chamaram minha atenção. Pedi a conta e assuntei com o garçom: - Você sabe o nome do militar que mora naquele apartamento?
Com sorriso maroto, o rapazola me respondeu: - Quem mora aí é o Tenente Medalhinha. – E arrematou: “Toda tarde, ele se fantasia de general e faz plantão na esquina pro povo admirá-lo”
Read MoreO guerrilheiro bananeiro está mais entusiasmado do que nunca, como pudemos ver nas últimas semanas. Faradilson Mesquita, o desocupado que se ocupa de ocupar terras alheias prometendo mundos e fundos para almas nem tão inocentes, agiu nos bastidores (e fora deles) para arregimentar pessoas a fim de construir o que seria, segundo ele, o maior bairro popular de Boa Vista. Conforme noticiado, ele teve o oficioso apoio oficial da cúpula do governo de Suely Campos nesse projeto em que postulantes a um lote na área invadida foram comparados ao “povo de Israel na beirinha da terra prometida”.
Faradilson, como já visto, é um agitador profissional. Joga com a inocência de pessoas humildes e conta com a ajudinha de figuras de “alta patente” na busca pelo Eldorado Macuxi.
A denúncia de que ele estaria sendo apoiado por ocupantes de cargos públicos deve ser investigada Se houver comprovação do envolvimento dessas pessoas nas aventuras do bananeiro, elas devem ser enquadradas na lei.
Faradilson não tem limites, como demonstrado em todos os cantos. Responde a processos na Justiça, mas, à medida que o tempo passa, parece que sua sede por baderna e enganação, além da clara tentativa de se tornar um líder sabe-se lá de que, aumentam mais e mais, conforme gravações de reuniões promovidas por ele.
É preciso ter cuidado com essa vontade incontrolável de Faradilson de estar à frente do que ele considera um movimento social. Invasão de terras é crime, e ele bem sabe disso. Não é possível afirmar que todas as pessoas levadas pelo “desocupado profissional” a agir dessa maneira sejam iguais a ele. Prefiro crer que, muitas delas, levadas pelo desespero de ter um pedaço de chão e um teto para morar, são aliciadas pelas promessas dessa eminente “liderança”.
Faradilson, o tempo da terra sem lei já passou, ainda que os que deveriam ser os primeiros defensores da lei estejam, sabe-se lá em que circunstâncias, ao seu lado!
Alguém se habilita a apurar ou estão todos comprometidos com a “revolução” do “líder”?
Read More- Bom dia, dona Rosa, tudo bem?
- Que nada meu filho, a coluna hoje tá incomodando tanto que dá vontade de morrer...
- Oi, dona Rosa, há quanto tempo; alguma novidade?
- Essa enxaqueca me incomoda demais. Já tomei três Cibalenas e a dor de cabeça não passa...
- Ei, dona Rosa, a senhora por aqui? O que houve?
- Vim trazer a mamãe pra fazer a hemodiálise. Enquanto ela está na máquina, aproveitei para bater uma chapa, pois ando sentindo umas dores muito esquisitas na parte superior do
pulmão esquerdo. Acho que tenho algum problema na pleura.
Cefaléia, otite, sinusite, gengivite, afta, bócio, bursite, artrite, hérnia de disco, bico de papagaio, prisão de ventre alternada com diarréias, corrimento, joanete, unha encravada, ela reclamava de tudo. Doença era com ela. Dona Rosa reclamava até de peido engatado.
Quando dona Rosa não tinha nenhum sintoma anormal, transferia para os parentes. Suas conversas eram sempre recheadas com doenças e tratamentos. Além da hipocondria, ela era
de um pessimismo ímpar. Acho que, quando criança, assistiu muito aos desenhos de Hardy Har-har - aquela hiena que passava o tempo todo resmungando “Oh, dia..., oh, azar... Eu acho que não vai dar certo”.
No dia seguinte ao seu quinquagésimo aniversário, dona Rosa decidiu fazer um check-up. O médico, ao estudar o calhamaço de exames, auscultar, e medir pressão, deu-lhe a inesperada e triste notícia:
- Dona Rosa, a senhora tem saúde de ferro; nesse embalo a senhora chega fácil, fácil nos cem anos.
A paciente caiu em desespero:
- Esse doutorzinho é um incompetente. Já pensou: vem dizer que eu, logo euzinha, não tenho nada? Vou procurar outro médico, pois tenho certeza que minha saúde não anda nada
boa... Pra cima de moá, jamé...?
Visitou um, dois, quatro especialistas e o diagnóstico era o mesmo: “Saúde de touro, dona Rosa (ou seria saúde de vaca?)”.
Desiludida com os médicos de sua cidade, dona Rosa decidiu consultar-se em Brasília, que considerava a referência da medicina nacional. Depois de visitar oito médicos e ouvir afirmações positivas sobre sua saúde, ela sentenciou:
- A medicina nesse país tá uma vergonha. Esses médicos novinhos não tão com nada. Como é que não acharam nenhuma doença nesse corpo todo dolorido e alquebrado? Se eu morrer, minha filha, pode processar o plano de saúde.
Read MoreAqui em Boa Vista tenho visto algumas cenas que demonstram a força de “ser criança”, de sua forma de ver o mundo. Três cenas que presenciei com nossos irmãos venezuelanos,
que vêm para cá tentar vida nova:
Na porta de uma lanchonete ficavam aquelas índias, com filhos pequenos ao lado, pedindo esmolas. Inclusive parece que saíram de Boa Vista, não mais as vi nos semáforos. Entrei na
lanchonete e me pediram uma esmola. Não daria dinheiro, mas um alimento sim. Comprei um pacote de balas para meu filho e uns salgados para aquelas crianças, eram duas. Dei os salgados para a mãe, sob o olhar indiferente dos infantes. Quando viram na minha mão o pacote de balas, os olhos delas brilharam e passaram pedir as guloseimas. A mãe até não gostou, parece que somente ela deveria pedir esmolas. Mas entendi a mensagam e dei as balas às crianças. Que alegria sincera em seus olhos e sorrisos!
Caminhando para meu o carro estacionado, vi uma cena mais forte. Numa lixeira, uma família de venezuelanos mergulhava para buscar algo. Era um lixo grande, um tambor, de um
establecimento comercial. Também havia duas crianças, e de repente uma delas achou ali dentre algo similar a um brinquedo. Foi o suficiente para a outra se aproximar e brincar junto, pela calçada, se afastando dos pais que se mantinham mergulhados na lixeira.
Num caixa eletrônico de um banco umas duas ou três famílias venezuelanas se protegiam do calor sob o ar condicinado. E aproveitavam para pedir esmolas. Dentre oa adultos, apenas
mulheres. Parece que eram avó, mães e tias. Umas cinco ou seis crianças com elas. Os adultos, na porta, um local estratégico, pediam cédulas. Estratégico, pois quem vai ali via de regra saca dinheiro.
Como os adultos logo recebiam um sonoro não dos clientes do banco, então era a vez das crianças ‘entrarem em ação’. Elas iam até os clientes já nos caixas e pediam algo, geralmente
estendendo a mão. Mas, ali também logo falava mais alto sua principal característica: serem crianças! Uma vinha por trás e pulava nas costas da outra, que passava a correr. As outras aproveitavam que o espaço era grande e passavam a correr também, umas pulando e sobre as outras, brincando e se divertindo!
Sob o olhar meio reprovador dos pais, que talvez desejassem delas que fossem bem sucedidas nos pedidos de esmolas. Mas talvez se esquecessem que crianças, antes de tudo, da condição econômica, da nacionalidade, ou qualquer outra coisa, são crianças! Sedentas de brincar, pular, sorrir e gritar.
Read MoreO sul do Pará andava movimentado. Garimpeiros desenganados por riquezas de Serra Pelada procuravam ocupação, sobrevivência. Às margens de estradas mal feitas e perigosas, pipocavam novos núcleos habitacionais. Uma mercearia, um lugar que vendesse qualquer tipo de comida e um puteiro eram o suficiente para dar origem a uma nova cidade.
Em Rurópolis, seu Manel se destacava como o maior empreendedor. Vendo derrubadas de enormes árvores – suas e à sua volta – comprou duas serras circulares e montou madeireira. Em seguida, comprou desempenadeira, tupia e plaina e montou movelaria. Móveis toscos, mas móveis. Para não desperdiçar aparas de madeira, seu Manel decidiu montar funerária que seria explorada por seu único filho, Tuisca.
Tuisca reclamava da falta de clientes para a funerária. No mês de agosto, ele se lembrava que o último caixão feito tinha sido para dona Merandolina, em fevereiro, serviço pelo qual não recebera, pois a gorda senhora era sua comadre e ele teve vergonha de apresentar fatura para o viúvo. E olha que, para acomodar quase 200 quilos da matrona, o caixão levou muito freijó.
Tragédia! A caminho de Itaituba, na saída de Rurópolis, uma caçamba capotou. Mais de 50 feridos, 14 mortos. O prefeito do município tomou providências para que os peões tivessem enterros decentes. Depois de reunir-se com delegado, médicos, padre e pastor, determinou que seu Manel fabricasse caixões para os desgraçados que tiveram o azar de morrer naquele fim de mundo.
Seu Manel e Tuísca festejaram. Em um só dia, venderiam mais caixões do que venderam nos últimos cinco anos. Garantindo pagamento antecipado, compraram combustível, contrataram peões e largaram o pau a construir ataúdes.
Com os caixões acomodados em surrado Mercedes 1111, o pessoal chegou ao galpão onde estavam, lado a lado, os cadáveres. Combinados sobre o sistema a ser usado no reconhecimento e acomodação, seu Manel gritava: “Aroldo Pinheiro de Souza!” Tuísca, entre os corpos, localizava o nominado e, ironicamente,respondia: “Presente!” O corpo era acomodado em caixão e recebia papel de identificação.
Um, dois, três, oito defuntos reconhecidos, prontos e acomodados em seus respectivos paletós de madeira; seu Manel seguia na chamada: “Moisés Brasilino Filho!” Tuisca se aproximou de gordo, careca e feio defunto, vestindo estranha calça rosa de lycra, camisa em azul degradê, com lenço de seda ao pescoço, e respondeu: “Presente!”
Ao tentar arrastar o corpo, ouviu um sussurro efeminado:
– Moço, eu não tou morto...
– Papai, venha cá: esse cara diz que tá vivo! – Apavorou-se Tuísca.
Seu Manel, papéis à mão, aproximou-se e ouviu o caboclo bodejar:
– Eu tou vivo.
– Vivo? Tu tá doido? – Questionou seu Manel, com medo de ter que devolver dinheiro por caixão não utilizado e, vendo o jeito estranho daquela aberração, acrescentou: “Olha, mana, tu pelo menos sabe escrever?” O empresário suspirou, puxou o moribundo pelos braços, acomodou-o no ataúde e encerrou: “Moisés, o doutor estudou muito pra se formar e disse que tu tá morto; o papel que o doutor assinou diz que tu tá morto... Agora, tu quer discutir com o doutor e com o atestado de óbito? Tu tá morto e vai ser enterrado, pronto!”Com dificuldade, acomodou o gordo no caixão, jogou-lhe a tampa em cima e determinou:
– Tuisca, aparafusa aí bem apertado, pois parece que esse qualira é meio teimosinho!
Read MoreMeninas, Hoje eu estou com o cão no couro. Em festinha pra lá de íntima, me apareceu um alemãozão todo grande. Eu me engracei e levei aquele deus pra tirar-lhe o sumo em minha humilde residência.
Ices consumidas, uns amassos, quando venho do banheiro, depois de me assear, o homem me diz que “está com dor de cabeça”. Pode? Despachei-o e, naquela noite, me socorri com um consolo que guardo para essas horas solitárias.
Depois daquilo, amiga me disse que minha Coca-Cola era Fanta. Ela me garantiu que aquele homão tem um caso com um capitão. Cabe denúncia ao Procon?
Mas o caso de Lindinalva Silva, professora, mãe de uma menina é mais sério:
Tia Lyka, Eu e minha irmã nos casamos com dois belos rapazes lutadores de Jiu-Jitsu. A amizade entre os concunhados crescia de forma natural. Muitas vezes, eles, nos tapetes de nossas casas, treinavam golpes aprendidos na academia. Até aí, tudo bem. No sábado passado, voltei um pouco mais cedo do trabalho e dei com os dois, nus, se agarrando em cima de minha cama. Apesar da insistência de meu marido, sei que aquilo não era luta. E agora?
Lindinalva, A coisa anda muito séria. Homem, com agá maiúsculo, está cada dia mais difícil. Se você for moderninha, abra o jogo com sua irmã e vivam felizes, os quatro, para sempre; agora, se quer levar vida nos padrões ditos normais, dê as contas do boymania e arranje um que preste mesmo. Escolha alguém que lute boxe ou caratê.
Fui!
Read MoreManifestação encomendada, patrocinada por gente com os interesses mais escusos e usando a boa vontade do povo não é novidade pra ninguém. Organizar meia dúzia de gatos pingados não é difícil quando se tem por trás o vil metal, uma marmita ou o simples pão com mortadela e suco de caixinha para juntar o que, na cabeça de alguns, é anunciado como “multidão”.
Relatos de pessoas que participaram de protestos sem saber contra o que se estava protestando são comuns. Os mais humildes são sempre os que pagam o pato e se tornam figurantes de cenas que se repetem cada vez mais, comandadas por gente de índole duvidosa.
Roraima também tem o seu Guilherme Boulos, que responde pelo nome de Faradilson Mesquita!
Ninguém sabe de que esse sujeito se ocupa, além da famigerada atuação de baderneiro e agitador, atuando contra quem quer que seja desde que atenda aos interesses daqueles que o bancam. Ao que tudo indica, o homem é uma espécie de “coordenador de manifestações”, seja lá o que isso signifique!
No fim de semana, Faradilson foi acusado por alguns “manifestantes” de tê-los enganado. Segundo os participantes de um pretenso protesto contra o governo federal e sua base de apoio, eles foram aliciados pelo agitador profissional com a promessa de que receberiam terrenos em um bairro que seria construído pelo governo do Estado. Surgiu ainda a informação de que custeando Faradilson e sua suposta vocação para atrair “multidões” estava o chefe da Casa Civil, Oleno Matos.
A verdade tem de vir à tona! Dizem que, por tal serviço, o “coordenador de manifestações” receberia R$ 30 mil.
Com toda a pose de guerrilheiro bananeiro, usando uma jaqueta camuflada e ladeado por seu séquito, que certamente recebeu uma “pontinha” pra protestar de “forma espontânea”, Faradilson saiu caminhando pelo Centro Cívico como se estivesse acima de qualquer suspeita e de nariz empinado como se fosse um sujeito com a mais das ilibadas condutas.
O protesto foi um fiasco! Não durou sequer uma hora! O homem das “multidões” foi vaiado pelas pessoas que foram enganadas e não conseguiu seu grande intento: derrubar do poder os políticos aos quais ele se “opõe” quando lhe pagam bem.
É bem provável que o feitiço tenha se voltado contra o feiticeiro e outro grande intento de Faradilson também não tenha sido alcançado: pelo fracasso de sua atuação, é certo que aqueles R$ 30 mil não lhe cheguem às mãos!
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