Sábado, 05 Março 2016 05:07

    Sérgio Moro, o Eliot Ness do Brasil

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    De repente, quando se pensava que a roubalheira instalada nesse país não tinha mais jeito, surge um herói para encher de esperanças os pobres coitados. O nome do herói? Sérgio Fernando Moro.
    Tudo começou em julho de 2013, quando, de seu gabinete em Curitiba (PR), o juiz Sérgio Moro autorizou a Polícia Federal a fazer “escuta telefônica e temática” contra um desconhecido doleiro. Moro atirou no que viu e acertou no que não viu.
    E como há coisas para ver.
    Cercado por auxiliares que se mostram incorruptíveis, Sergio Moro pode ser comparado a Eliot Ness, o agente do FBI (polícia federal estadunidense) que combateu o crime organizado em solo norte-americano nos anos 1920, e levou o gangster Al Capone e dezenas de cúmplices seus à cadeia.
    Fala-se que, no Brasil, cadeia foi feita para PPPs (pretos, pobres e putas). Com a condenação de Lalau (ex-juiz do Trabalho Nicalou dos Santos Neves), do ex-senador Luiz Estêvão e outros, viu-se que as coisas mudavam de rumo.
    MENSALÃO DO PT
    Na década passada, com o processo batizado Mensalão do PT, políticos e empresários que pareciam imexíveis e acima da lei conheceram o peso da mão de Joaquim Silva, então ministro do Supremo Tribunal Federal, que fez história no combate ao uso e abuso de dinheiro público para fins não apropriados.
    Na época, expoentes do Partido dos Trabalhadores conheceram a humilhação de serem levados à cadeia. Alguns mentores da tramoia ainda estão presos. Um deles, Luiz Valério, condenado a 37 anos de reclusão, propôs delação premiada em troca de redução da pena. O publicitário diz poder mostrar conexões entre Mensalão, Petrolão e aplicação dessa grana em campanhas políticas.

    LAVA-JATO
    Em julho de 2013, investigação que pretendia esclarecer e punir pessoas envolvidas com envio ilegal de dinheiro para o exterior chega a corruptos e corruptores e põe às claras o que a bandidagem julgava estar blindado. Um posto de lavagem de automóveis em Brasília (por isso, o nome da operação: Lava-jato) que servia de fachada e escritório central para o doleiro Alberto Youssef era só a ponta do iceberg.
    Das primeiras investigações até agora, descobre-se, toda semana, que as garras da bandidagem se fincaram nos mais diversos segmentos da administração pública brasileira. Apesar de a coisa parecer não ter fim, o brasileiro vê Sergio Moro, incólume, derruba argumentos de advogados contratados a peso de ouro e faz ouvidos de mercador aos protestos do ex-presidente Lula da Silva e asseclas.
    A cada abertura de novas etapas na tarefa de destrinchar a maior roubalheira descoberta no Brasil até agora, o PT rebate e diz “que todas as contribuições recebidas pelo partido foram feitas dentro da lei e que suas contas foram aprovadas”.
    Incansável, a equipe de Sergio Moro não rebate as notas do partido da estrela vermelha: investiga e vem comprovando a origem da dinheirama. Em ofício enviado ao Tribunal Superior Eleitoral, Moro afirma que há fortes indícios de que boa parte do dinheiro roubado da Petrobras financiou campanhas de companheiros.

    PROTEÇÃO AO CHEFE
    Na busca por tapar o sol com peneira, na semana passada, a presidente Dilma Rousseff declarou publicamente seu convencimento de que Lula não tem nada a ver com toda essa pouca vergonha.
    Em pouco tempo, no entanto, tudo indica que o suspeito de comandar as falcatruas usará os nove dedos de suas mãos para registrar digitais em fichas policiais.
    Eliot Ness X Scarface
    Nos Estados Unidos, Eliot Ness levou a máfia à cadeia e, por algum tempo, fez sumir – ou diminuir – o crime organizado. Durante os quase dez anos que Al “Scarface” Capone passou atrás das grades, novos grupos de bandidos surgiram e, hoje, mais fortes do que no passado, espalham seus tentáculos por toda a América do Norte.
    Dizer que Sergio Moro vai acabar com a corrupção no Brasil é utopia. A partir dele, entretanto, espera-se que políticos repensem antes de meter a mão na cumbuca. A corrupção pode até diminuir depois das ações comandadas por Sérgio Moro, mas deverá ser por pouco tempo, pois, inteligentes, famintos por dinheiro e poder, nossos governantes e representantes hão de encontrar novas maneiras de chegar a seus objetivos. Sempre.

     

    Lido 3240 vezes Última modificação em Segunda, 28 Março 2016 09:27
    Redação

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