Por ali, é muito comum ouvir-se ou informar-se: “Fica logo depois do ‘Consumidor’”; “Passando do ‘Consumidor’, vire à direita...”; ou “Tá bom, te espero na frente do ‘Consumidor’”. O supermercado está tão ligado ao bairro que virou um de seus principais pontos de referência.
Os destinos da família Aragão e do bairro Paraviana começaram a se entrelaçar no penúltimo ano do século passado, 1999, quando Álvaro, cearense de Coreaú, abriu modesta mercearia na esquina das avenidas Guariquara e Minas Gerais, ainda com poucas casas surgindo nas redondezas. Praticamente no meio do nada.
Quatro anos depois, em 2003, o empresário resolveu apressar o passo e chegar-se mais perto dos passantes, comprou terreno na esquina da avenida Severino Soares de Freitas com a rua Mirixi e, ali, deu início à construção do supermercado que se tornou referência geográfica e comercial num dos bairros mais chics da cidade.
TENTATIVAS E PERSISTÊNCIA
Mas as coisas não correram assim tão fáceis como dá-se a entender nos primeiro parágrafo desta reportagem. Ao contar sua história, com seu jeito nordestino de ser, Álvaro Aragão diz que “as pessoas só vêm as quedas que o cara leva, não sabem quanta cachaça ele tomou pra cair”.
De família numerosa, sete irmãos, Álvaro sentiu-se obrigado a sair da pequena cidade cearense, em 1982, depois que seu pai morreu em acidente de trânsito. A convite de uma prima, mudou-se para Manaus (AM), onde, logo, o menino de 15 anos de idade estava vendendo miudezas.
Em 1991, ele mudou-se para Boa Vista, onde registrou a empresa Aragão Atacado de Estivas. “Num Fusquinha, eu rodava a cidade quase toda oferecendo produtos”, relembra.
Um ano e meio depois, o endereço comercial passou para o bairro dos Estados. “Na avenida São Paulo, abri uma mercearia que minha mulher, Claudenete, tomava conta enquanto eu continuava fazendo praça com miudezas. À noite, quando eu chegava, nós dois tocávamos uma banca de espetinhos de carne”, conta.
Naquele tempo, o Paraviana começou a receber moradores. Em terreno comprado na esquina das avenidas Guariguara e Minas Gerais, Álvaro ergueu imóvel que abrigava sua residência nos fundos e, na frente, em poucos metros quadrados, inaugurou o Mercantil do Consumidor.
Mas os negócios não caminhavam como o cearense sonhara. Vendo o surgimento de bairros com vida própria na periferia de Boa Vista, Álvaro investiu em terreno na rua Estrela Dalva, no Raiar do Sol, onde o comércio começava a pipocar, e deu início à construção de seu novo ponto comercial.
FUGINDO DE VIOLÊNCIA
Numa noite, um assassinato foi cometido na calçada da obra do cearense. Ele se apavorou. “Aquele crime me fez pensar sobre a violência da região e mudar os planos. Vendi tudo o que tinha por lá e comprei terreno na esquina da avenida Severino Soares de Freitas com a rua Mirixi, onde levantei o supermercado e estamos até hoje”.
EMPRESA DE FAMÍLIA
O Mercantil do Consumidor abre todos os dias às sete da manhã. De segunda a sábado, fica aberto até as 22h; aos domingos, fecha às 20h. Além de produtos de supermercado, oferece ítens de construção, artigos de papelaria e coisinhas para resolver problemas rapidamente em qualquer morada.
A qualquer hora do dia ou da noite, na entrada do “Consumidor”, Álvaro, ou um de seus filhos - Neto e João Pedro -, ou seu cunhado, Joviniano, recebem clientes com simpatia e estão sempre prontos para ajudar e resolver problemas.
No Mercantil do Consumidor, a clientela se sente como se estivesse tratando com pessoas de sua própria família. Encontros e rodas de bate papo entre amigos são comuns no estabelecimento, onde todos se tratam pelos nomes.
ÁLVARO NÂO PARA
Homem de visão, vendo a chegada de concorrentes no bairro, Álvaro comprou terreno em ponto estratégico, na esquina da avenida Severino Soares de Freitas com rua Sucupira, e, lá, constrói moderno prédio onde instalará uma nova loja com mais de mil metros quadrados. “A concorrência não me preocupa. Pelo contrário, ela nos ajuda a corrigir erros e nos incentiva a melhorar”, diz o empreendedor.
Álvaro não diz quando vai inaugurar a nova loja, mas adianta que, ali, vai vender exclusivamente produtos de supermercado. A loja antiga continuará com sua linha mais diversificada de produtos. Frisa que, em ambas, vai manter atendimento e relacionamento familiar que cativam a sua boa clientela.
Depois de algumas reformas, o Mercantil do Consumidor oferece de tudo o que o cidadão precisa dentro de casa. Importante: em verdadeiro clima familiar.
HISTÓRIA
Primeira loja no Paraviana, 1999
Primeiro funcionário, Joviniano “Jovem” Albuquerque, aos 12 anos de idade, 2002
Em expansão, já na esquina da avenida Severino Soares de Freitas com rua Mirixi
Claudenete Aragão com parte da equipe de 32 funcionários: Afonso, Joviniano, Marcelo e Adriana