Você deve conhecer histórias de pessoas cuja vida profissional sofreu virada surpreendente. O caso de Rubeldimar Maia de Azevedo Cruz é emblemático. O professor aposentado de Geografia passa no vestibular de Medicina e se forma aos 58 anos de idade. A caminhada entre a sala de aula e o hospital foi longa, mas valeu a pena.
Nascido em Boa Vista, em 1926, Rubeldimar fez o ensino fundamental no então Ginásio Euclides da Cunha (GEC). Logo depois, tirou habilitação ao magistério. Tornou-se professor de Geografia e Organização Social e Política do Brasil (OSPB).
Rubeldimar nos tempo do Ginásio Euclides da Cunha
Por mais de 20 anos, o professor Rubeldimar contribuiu para a educação de centenas de alunos, ainda nos tempos de Território Federal. Criou a primeira biblioteca de Roraima. Trabalhou em diversas escolas, inclusive no GEC. Até hoje seus alunos destacam a qualidade de ensino recebido.
Rubeldimar em tempos de Escola Normal Monteiro Lobato
Graça Viana, empresária que estudou na Escola Normal Monteiro Lobato, diz: “Ter aula com o professor Rubeldimar era um prazer. Ele ensinava Geografia com alma. Desenhava os rios no quadro, nos fazia sentir nos lugares. Nós adorávamos”.
Em 1979, casado e com as três filhas (Marilúcia, Vera Lúcia e Maria de Lourdes) estudando em Brasília, o agora professor aposentado decidiu cursar Medicina em Manaus. Passou para a Universidade Federal do Amazonas. Foram seis anos de muitas dificuldades, pois a esposa, Teresinha Santos de Azevedo Cruz, sofreu acidente vascular cerebral na capital amazonense. Rubeldimar ficou viúvo antes da formatura, em 1984.
Rubeldimar no dia da formatura em Medicina
Clínico geral, o médico Rubeldimar aceitou convite para trabalhar em Novo Airão, interior do Amazonas, onde encontrou a vertente que o acompanharia pelo resto da carreira: médico de família. O cuidado mostrado com os alunos nos tempos de professor, agora era dispensado aos pacientes. Lá, acumulou a direção do hospital da cidade.
Antes de retornar a Roraima, em 1988, casou-se com Osmarina Santana Freitas de Azevedo Cruz, com quem teve duas filhas (Nancy Nathaly e Nelma Gabrielle).
De volta à terra onde nasceu, o doutor Rubeldimar manteve o ritmo acelerado. Quem conta é sua filha, a psicóloga Vera Lúcia: “Papai chegava cedinho no hospital, antes mesmo dos pacientes. Atendia todos sem pressa. Buscava fechar o diagnóstico perfeito. Pesquisava os casos. Muitas vezes, fazia visitas residenciais. Amava seu trabalho”. Ele ocupou muitos e diferentes cargos na área de saúde, inclusive diretor clínico do Hospital Coronel Mota.
Se perguntassem a ele qual foi sua profissão mais importante, certamente ele diria: “Todas”. Rubeldimar Maia de Azevedo Cruz morreu em Boa Vista, aos 78 anos. Deixou o exemplo de profissional dedicado em todas as áreas em que atuou.
Rubeldimar médico