Convites para seminários, palestras ou fóruns apavoram convidados. O povo tem medo de discursos longos, incompreensíveis e sonolentos.
Nessas ocasiões, há quem se aproveite para fazer campanha política para seus protetores ou governantes – sejam municipais ou estaduais.
O I Encontro Estadual dos Fóruns Municipais de Agricultura Familiar de Roraima, apesar do nome muito longo, promete trazer palestras curtas e muitas experiências úteis para seus participantes. Nem parece que tem ingerência de governo.
Paulinho Cabral (o nome dele é esse mesmo, no diminutivo), técnico agropecuário, gestor de agronegócios, extensionista, servidor público, é entusiasta do programa que surgiu de parceria entre a Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (FETRAF) e a EMBRAPA. “Nós já promovemos fóruns em todos os 15 municípios do Estado e os resultados foram ótimos. Agora, queremos reunir pessoas para trocar experiências e, assim, levar o que seja bom e aproveitável para suas comunidades”, diz o roraimense.
Cabral diz que, apesar de a nomenclatura restringir-se à agricultura familiar, o programa é bem mais amplo. “Não pretendemos que esses cidadãos vivam no círculo vicioso de simplesmente plantar e comer o que produzem. Não falamos em subsistência pura e simples. A ideia é trazer-lhes técnicas que possam levar a excedentes e que estes produtores cresçam utilizando-se de conhecimentos modernos epráticas viáveis. Tem mais: não nos limitamos à agricultura, nos envolvemos em toda a vida social e cultural desses produtores”, afirma com empolgação.
O I Encontro de Fóruns dar-se-á nos dias 30 de abril e 1º de maio – sábado e domingo – na FETRAFERR, na rua N-20, próximo à Vila Olímpica Roberto Marinho. Paulinho espera algumas centenas de produtores rurais ao evento. Contatos pelo telefone: 99972-2137.
De cientista e louco, todo mundo tem um pouco
Paralelamente ao Primeiro Encontro de Fóruns explicado na página 6, ao lado, coordenadores realizarão a I Mostra de Tecnologias para Agricultura Familiar. O leitor pode pensar que, ali, equipamentos sofisticados serão postos à venda, como é comum nesse tipo de evento. Ledo engano.
A mostra volta-se para produtos que podem ser feitos a partir de materiais de fácil acesso, podendo, muitos deles, ser de reutilização.
A Embrapa, por exemplo, faz questão de apresentar – e mostrar como fazer – o “Sisteminha Embrapa”. Trata-se de tanque para criação de peixes, medindo 3mX4m, com condições de alimentar, com folga, uma família de cinco integrantes.
Técnicas para fabrico de vassouras, a partir de garrafas pet também serão apresentadas e ensinadas a quem se interessar.
Vedete
Uma máquina de descascar cocos, criada por Rosalino Narzete, de São João de Baliza surpreende. Um amontoado de lâminas pontiagudas e alavancas tem capacidade para descascar 20 cocos por minuto – coisa que caboco nenhum, por mais rápido e forte que seja, faz.
Além de ganhar tempo, o invento de Rosalino vem facilitar a exportação de cocos para o Amazonas. Por acomodar na casca uma tipo de doença, o produto como retirado do pé, é proibido de entrar no estado vizinho.
E o que fazer com a casca? Ela é utilizada como adubo orgânico e/ou, prensada, serve para fabrico de xaxins – artefato feito a partir de raízes aglomeradas, que, nesta modalidade, fere leis ambientais.
Por estas e outras, vale a pena visitar a Mostra.