"Não tem como eu votar em Jair Messias Bolsonaro. Sabe por quê? Porque eu não sou do Rio de Janeiro (Risos). Se eu fosse do Rio de Janeiro, pode ter certeza que o meu voto seria dele. Nossa, mas como assim, você é um gay e você vai votar no Jair Messias Bolsonaro? Pois é, pois escute bem." Em vídeo, Smith Hays expõe suas convicções.
Hays é representante de grupo que tem crescido na internet: o de homossexuais que, contrariando o senso comum, se identificam mais com Bolsonaro (PSC-RJ) do que com o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) - o único político declaradamente gay no Congresso Nacional.
Essa moçada anseia pela corrida presidencial de 2018. Muitos defendem Bolsonaro como um forte candidato a ela. "Apoiaria Bolsonaro para 2016 se fosse possível. É preciso fazer uma reviravolta nesse país. Não acho que se escolhe um presidente porque se gosta ou não da sexualidade alheia, mas porque ele é bom ou não", diz Junior Oliveira, 31, membro de uma destas comunidades no Facebook.
Motivos que levam Oliveira a exaltar o deputado do PSC se repetem nas falas de outros apoiadores dentro da comunidade gay. As opiniões de Bolsonaro sobre porte de armas e pena de morte estão entre algumas das razões mais citadas. "Defendo a castração química em caso de estupro e o porte de armas. Pena de morte...por que não? Por que uma pessoa não pode fazer um crime brutal e pagar com a própria vida? Temos leis muito brandas nesse país", diz Junior.
As declarações polêmicas de Jair Bolsonaro sobre homossexuais não parecem afetar esta admiração. Em entrevistas de 2014, Bolsonaro chegou a dizer que os gays eram "fruto do consumo de drogas" e que "ter filho gay é falta de porrada". Mas, para quem participa destas comunidades na internet, esse assunto é coisa do passado. Eles dizem que Bolsonaro teria revisto suas posições.
"Talvez ele tenha errado em algumas afirmações porque confundia ativismo com gays", diz Hays. O arquiteto tem fotos com o deputado federal e seu filho Eduardo, também membro da Câmara, e já participou de um programa de televisão ao lado do parlamentar.
Hays diz que Jair Bolsonaro é "uma pessoa muito dócil, amiga" e o representa melhor do que Jean Wyllys, conhecido por atuar em defesa dos direitos LGBT.
Lésbica
Uma das mulheres mais proeminentes desse grupo majoritariamente masculino é Karol Eller, 29, que também diz repudiar as atitudes de Wyllys. "Ele não representa a classe e nunca me representou. Uma das ações mais feias foi quando cuspiu num parlamentar. Quer chamar a atenção dos homossexuais", declara.
Com quase 250 mil seguidores em sua página no Facebook, Eller conheceu Bolsonaro em maio, quando ficou uma semana em Brasília acompanhando a rotina do deputado: "Só não fui ao banheiro com ele".
Funcionária de uma empresa de viagens e promotora de eventos, ela diz que ganhou a passagem do trabalho e fez a visita a pedido de seus seguidores - boa parte deles é heterossexual, diz Eller.
Militância
A rejeição a Jean Wyllys como representante por parte destas pessoas se estende também ao movimento LGBT como um todo. A militância é descrita por eles como "intolerante" e "promíscua". Quem não quer participar do grupo é segregado, dizem.
"Quem na verdade está fazendo o discurso de ódio é essa minoria dentro do movimento. Apontam o dedo para gays que lidam com a situação de outra maneira. Se você não levanta bandeiras, não vai ser um deles", diz Eller.
(Fonte: www.vistadireita.com.br)