Nesse Brasil, milhares - ou milhões? - de pessoas sonham com o estrelato, com a fama e o sucesso que a carreira de cantor pode trazer. Se soubessem da realidade, dos sacrifícios que cada um de nossos astros tiveram que enfrentar, desisitiriam ainda na largada dessa maratona.
A paraense Ellen Ferreira não tem muita paciência para falar sobre as tretas e desencantos que teve que enfrentar até conseguir lugar de destaque entre aqueles que se dedicam à arte de soltar a voz para agradar o público. E, dessa arte, fazer meio de vida.
"Desde pequena, eu gosto de cantar. Durante minha infância e adolescência, eu me perdia ouvindo rádio, aprendendo músicas e inventando coreografias para o "'grande show da vida'", relembra. Puxando-a para a realidade, a família de Ellen mostrava que "pobre não pode vencer na vida sem estudar"; assim, enquanto sonhava com os holofotes do palco, ela obtinha bom desempenho na vida escolar, tanto que, por seus méritos, chegou a bolsista do IFRR - Instituto Federal de Roraima e foi aprovada em vestibular para o curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Roraima - UFRR -, onde graduou-se Jornalista.
Em 2005, ainda cursando o segundo grau no IFRR, ela viu anúncio em jornal interessado em contratar cantora para cantar numa banda. "Peguei minha baique e atendi ao chamado da Banda Relâmpago", relembra. "Eu nem gosto de falar, mas minha passagem por esse povo foi relâmpago: terminou quando descobri que, na velocidade de um raio, o dinheiro que os empresários recebiam por shows virava nuvem entre eles, sobrando migalhas para quem dera seu suor para entreter o público".
Há males que vêm para o bem. Os shows feitos com esse primeiro contratante serviram para que Ellen se tornasse conhecida e recebesse convites para cantar com outros grupos locais.
A paraense cantou com quase todas as bandas de forró que existiam no Roraima daquela época: Pipoquinha, Paçoquinha de Normandia, Rasga Lenha, Conexão do Forró, Brasileirinho...
"Essa Banda Brasileirinho resolveu arriscar e ir mais longe: com poucos recursos - financeiros e/ou técnicos - nos metemos na aventura de gravar o primeiro DVD de show ao vivo em Roraima... E não é que deu certo?", pondera a cantora.
Em 2015, meio desencantada com o meio, Ellen resolveu dar um tempo com shows e dedicar-se à profissão de jornalista. Atingiu o ápice quando, em 2019, então contratada pela TV Roraima, da Rede Amazônica de Televisão - repetidora da Rede Globo -, integrou, em 5 de outubro, a bancada do Jornal Nacional, quando o programa liderava informativos de televisão em todo o Brasil.
Em 2021, o sangue de cantora falou mais alto e Ellen resolveu voltar aos palcos. "Pensei que fazer carreira solo seria mais fácil, pois eu já me tornara conhecida em todo o Estado por meio das bandas que me contrataram no passado. Ledo engano: penei muito até que conseguisse contratos com a Prefeitura de Boa Vista e o Governo de Roraima, únicas fontes que podem pagar um pouco melhor para que você sobreviva entre um e outro shows particulares".
Solicitada para falar sobre fatos pitorescos ocorridos em sua vida profissional, Ellen descarrega quase num só fôlego: "Já me aconteceu de tudo: trocar de roupa e me produzir dentro de automóvel, ter que me safar de bêbados chatos e homens insolentes, cair durante uma apresentação, chegar atrasada por causa de pneu furado no meio do lavrado... Muitas coisas: algumas interessntes; outras, estressantes".
Flashes com Ellen Ferreira em alguns dos shows de Ellen Ferreira