Aos poucos, Moara Marques faz seu nome na Europa. Moara nasceu no Rio de Janeiro há 33 anos. Com um mês de existência, veio para Roraima. Na pré-adolescência, depois que os pais se separaram, mudou-se para Natal, no Rio Grande do Norte, onde deu prosseguimento aos estudos.
Ainda na adolescência, a carioquinha viveu durante algum tempo na Alemanha. Graduou-se em Ciências Políticas e Antropologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Moara queria mais. Não sabia o quê. Surfista, pintava pranchas para si e para as tribos.
Em 2009, oportunidade de emprego, durante Bienal de Artes em Veneza, levou a roraimada para a Europa, quando, acha, começou a interessar-se por arte. De volta ao Brasil, insatisfeita, mudou-se de vez para a Itália, onde conheceu um cara que, pensou, seria o homem pra chamar de seu. Ledo engano.
Depois de oito anos vivendo com o italiano, quando planos de casamento já eram arquitetados pelos pombinhos, ela conheceu Peter Jackson, músico de Liverpool (Inglaterra), apaixonou-se pelos acordes do britânico e, com ele, mudou-se para a terra que deu origem ao Fab Four.
Cerveja e pincéis
Moara não sabe explicar a explosão da aquarela em suas mãos: “Comecei a engatar nessa arte quando criava personagens para um livro de poesia infantil que me pediram para ilustrar. Certo dia, sentada do lado de fora de um bar - tomando uma cervejinha, claro -, resolvi pintar um flamingo gigante à entrada do estabelecimento carregando duas pessoas minúsculas no cangote. O dono do local adorou, emoldurou-o e pregou-o na parede”, conta.
O dono de restaurante vizinho viu a obra e pediu algo parecido à brasileira. “Fiz e troquei-o por cervejas e jantares”, relata a loirinha. De bar em bar, pintando aquarelas em troca de cervejas e comida, Moara resolveu abrir conta no Instagram para postar seus desenhos. Ela relata que, uma semana depois, o pessoal de uma companhia chamada Independent Liverpool esbarrou em seu perfil na rede social e repostou suas aquarelas. “Assim, do nada, acordei com centenas de mensagens querendo comprar e encomendar quadros”, diz.
Entre copos e garrafas de cerveja, Moara vê suas fontes de inspiração
Depois que concedeu entrevista ao jornal Liverpool Echo, ela não parou mais de produzir. Ao Roraima Agora, a artista disse que desenha sob encomenda [em sua maior parte, bares, restaurantes e pubs], mas também tem pedidos para pintar a catedral, o teatro principal e prédios de Liverpool.
Os quadros de Moara são feitos em aquarela, tamanho A3, e vendidos por £ 200 [cerca de R$ 840) cada. “Levo cerca de três dias para concluir um desenho. Depois, mando imprimir em Londres e vendo cada cópia por £ 35 (cerca de
R$ 150) - alguns têm edição limitada. Moara diz ter encomendas suficientes para ocupá-la até agosto e que se sente feliz por viver de sua arte. “Planejo uma mostra para o próximo verão, mas ainda não decidi se continuo como freelancer ou se aceito propostas que agentes têm me feito”, divaga.
Com o jeito Moara de ser, ela diz nunca ter estudado arte e que a coisa fluiu quase de brincadeira. Acrescenta: “O lado cervejeiro veio de meu pai, arquiteto; o artísti co veio de minha mãe, pianista e professora de música”.