Aroldo Pinheiro, roraimense, comerciante, jornalista formado pela Universidade Federal de Roraima. Três livros publicados: "30 CONTOS DIVERSOS - Causos de nossa gente" (2003), "A MOSCA - Romance de vida e de morte" (2004) e "20 CONTOS INVERSOS E DOIS DEDOS DE PROSA - Causos de nossa gente".
Senadora Gleisi Hoffmann propões que as meninas fechem as pernas no dia 8; e agora?
Apagão. Sem TV nem computador, a família se diverte contando histórias, brincando e contando piadas. Tarde da noite, depois de rezar, Beatriz se levanta e diz para a mãe que tem que rezar mais um pouquinho.
- Pra quê, minha filha?
- Vou pedir pra a luz acabar amanhã de novo.
Marisinha encasquetou. Não queria mais cortar os cabelos. Ouvir o nome da cabeleireira a apavorava. A mãe, querendo aparar a franja da menina, aproximou-se com a tesoura e avisou:
- Filhota, vamos cortar só dois dedinhos...
- Quais dedinhos, mãe?
Marcinha, 5 anos, perturbava querendo sorvete. Nâo tinha a guloseima em casa. A menina gritava e chorava. Dona Geni, a avó, nervosa, apelou:
- Que é isso menina? Você não é gente!!!
- Não sou mesmo!!!
- Então você é o quê?
- Olha, vovó: eu sou uma pessoa...
- Você quer um lanchinho, Guilherme?
- Não. - Responde o pirralho de quatro aninhos.
- Quer um sorvete?
- Não.
Quer brincar no parquinho?
- Não.
Menino: o que você quer afi nal?
- Hoje eu só quero abusar.
João Magalhães, 86 anos, deitado na rede, lia seu jornal, quando o netinho puxou conversa:
- Vovô, quando eu crescer, quero ser igual a você.
O idoso se empolgou com o sonho do pirralho e assuntou:
- Por quê?
- Pra passar o dia inteiro sem fazer nada.
Quando tinha seis anos de idade, Daniel pediu-me um minibuggy. Disse-lhe que não podia, que nós não tínhamos dinheiro suficiente para aquilo. O moleque perguntou-me:
- Papai, como que faz pra ganhar dinheiro?
- Trabalhando, meu filho.
- Papai: tu precisa trabalhar mais...
Dona Merandolina ajudava Nerivaldo, cinco aninhos, com a leitura na cartilha. Texto e Ilustração.
- U-vê-á-vá. Uva.
- Xis-á-xá-ele-é-lé. Xale
- Cê-á-cá-esse-á-sá-cê-ó-có. Casaco.
- Que-u-é-i-quei-jota-ó-jó. Bolo.
A pirralha de cinco aninhos desafia:
- Mãe, eu sei onde está guardada a minha chupeta...
- Onde, Beatriz?
Aprendendo a lidar com as primeiras letras, a pequena faz suspense:
- Começa c om Jota...
- Jota, Beatriz?
- Sim: Jota e á...
- Jota e á, Beatriz?
- É, mãe: na ja-la-dei-ra.
Vendo o Eduardo descascar uma manga rosa, Paulinho, 4 anos, perguntou:
- Pai: por que essa manga tem uma parte é mais vermelha do que a outra?
- É que essa parte vermelha recebe mais luz do sol que a outra, meu filho.
- Pai, a luz do sol tem açúcar?