Gregos, romanos, indianos já utilizavam terapeuticamente o mel produzido por abelhas. Presença garantida na merenda escolar da rede municipal de ensino, o mel ajuda na saúde das crianças. No entanto, até chegar aos pirralhos, percorre longo caminho, com inúmeras dificuldades.
Os números são contundentes: a apicultura aparece como das mais promissoras alternativas econômicas do Estado, além de proporcionar a fixação do produtor no campo e evitar o aumento do desemprego no setor agrícola. Toneladas do produto saem de Roraima, in natura, com destino a outros estados ou mesmo exterior, onde o mercado está sempre ávido por mel.
Infelizmente, no Estado, não existe local habilitado pelo Serviço de Inspeção Federal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para a emissão do selo de qualidade do produto. Com isso, os produtores ficam impossibilitados de exportar o mel. O processo de beneficiamento ocorrerá nos estados que compram o produto roraimense in natura.
Um dos maiores produtores de mel em Roraima, Francisco de Assis Pereira também fornece rainhas para outros apicultores (Foto: Aroldo Pinheiro)
Procurando rumo
No domingo, 19, afiliados da Associação dos Apicultores do Mucajaí (ASAM) se reuniram para discutir os rumos do setor e eleger nova diretoria. Em sua maioria, são pequenos produtores, com capacidade limitada de expansão. Apesar de apoio do SEBRAE/RR e da Embrapa, faltam mais recursos, mão de obra e incentivo ao setor, reclamam eles.
Francisco de Assis Pereira, roraimense, também conhecido no exterior como Francisco do Brasil, está do outro lado do balcão. Empresário estruturado, usou capital próprio e, com visão comercial abrangente, consegue tocar o empreendimento e administrar 600 caixas de abelhas que produzem cerca de cinco toneladas/mês de mel.
Homem de visão, Assis também produz e vende abelhas rainhas para outros apicultores. Faz negócios fora de nossas fronteiras e pretende ampliar ainda mais suas possibilidades. Mas ressente-se da falta do selo do SIF. “Se tivesse o selo, meu produto valeria muito mais”, diz ele.
Todos concordam que o mel é dos mais importantes alimentos disponíveis ao ser humano. Sabem o quanto podem ir mais adiante, se forem organizados e investirem esforços na atividade apícola. Também percebem que o sonho só se realizará se eles mesmos trabalharem para isso.
Merenda escolar
A rede escolar municipal de Boa Vista tem o mel incluído no cardápio dos alunos. Segundo a Prefeitura, a escolha levou em conta que o mel é um alimento muito versátil, que pode ser usado para fortalecer o sistema imune, melhorar a capacidade digestiva; considerado antisséptico, expectorante, calmante, entre outros benefícios, a doçura agrada o paladar das crianças.
A secretária municipal de Educação, Keyla Thomé, garante que “a proposta é nutrir as crianças com alimentos de qualidade. Todas as escolas da rede municipal de ensino são atendidas com mel, com exceção das Casas mãe e Pintolândia”.
A Prefeitura de Boa Vista inclui mel de abelha na merenda da rede municipal de ensino (Foto: Jackson Souza)
Rede municipal de ensino
Teresa Surita, prefeita de Boa Vista, diz que o incentivo à produção em todas as escalas do agronegócio faz parte do seu plano de governo e destaca que isso, além de gerar qualidade no consumo dos produtos, também gera emprego e renda. “Temos que investir nessa área que é vocação natural para o Estado e para Boa Vista e a atividade, em breve, dará frutos”, finalizou.
(Foto: www.portaldepaulinea.com.br)
Picadura alivia dores
Valdemar Sartor, um dos pioneiros da apicultura em Roraima, ressalta que os poderes terapêuticos das abelhas não estão só no mel ou no própolis. “Picaduras desse animalzinho reforçam o sistema imunológico e são eficientes no combate de dores nas articulações!, diz. O comerciário José Rodrigues dos Santos, que há muitos anos tem problemas de reumatismo garante que picadas de abelhas aliviam sensivelmente suas dores. Quando em crise, ele sempre busca alívio com apicultores