Textículos - Plínio Vicente

    A opinião, os causos e histórias de Plinio Vicente

    Nascido há 71 anos em Nova Europa, região de Araraquara, mas criado em Ribeirão Preto, no então distrito de Guatapará, o jornalista Plínio Vicente da Silva ainda convive com os danos provocados pela pólio.

    Profissional com passagem por vários veículos (rádio e jornal), entre eles O Estado de São Paulo, começou a carreira em Ribeirão. Sua...

    Nascido há 71 anos em Nova Europa, região de Araraquara, mas criado em Ribeirão Preto, no então distrito de Guatapará, o jornalista Plínio Vicente da Silva ainda convive com os danos provocados pela pólio.

    Profissional com passagem por vários veículos (rádio e jornal), entre eles O Estado de São Paulo, começou a carreira em Ribeirão. Sua primeira experiência foi como estagiário em O Diário, responsável pelo fechamento da coluna “Lupa e Capote”, onde publicava um resumo das ocorrências policiais da noite.

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    Plinio Vicente

    Custo X Benefício provado, saiam

    Aos parentes, os indígenas brasileiros, a minha solidariedade como Makuxi. 

    Soubemos esses dias, por outras palavras, o que sempre teve dito e desejado. O olho grande do "desenvolvimento" sobre os territórios indígenas demarcados e homologados agora mareja de um desejo ainda mais descontrolado: acabar de vez com o que eles, o poder do capital, chamam de "palhaçada". 

    Tanta terra para poucos índios, que já não são índios e ainda atrapalham o avanço econômico do país, pois são preguiçosos, sujos e baderneiros. Essa ladainha é desde sempre e encontra eco em todo o país, pois somos uma massa quase homogênea de gente ignorante, portanto, preconceituosa e ativa em discriminar com violência. 

    Sim, esses somos nós, os brasileiros. Sempre achamos que somos uma fábrica de jogadores de futebol e que o verde de nossas matas pode virar pasto pra ter carne para o churrasco, o milho pra cerveja ruim e grama para o campo de futebol. Mas que leseira, se a melhor picanha ia para fora, o melhor milho para os porcos em outros cantos e os craques se vendem por milhões no exterior para não fazer gol. 

    Esses dias, o homem maior da justiça orquestrada fez o papel bem feito esperado ao patriota. O senhor ministro disse que nós, indígenas brasileiros, deveríamos provar pela equação capitalista descontextualizada do custo x benefício o porquê de continuarmos com o direito ancestral e internacional de nos mantermos nas terras virgens ou em regeneração no Brasil. 

    Pobre é o país que já nasce morto e que não deixa nem sua podre matéria alimentar a floresta, que alimenta a todos com ar puro e de vida plena os muitos que ainda vivem lá. 

    Uma fotografia gigantesca comparando áreas verdes com cinzas e outra mostrando os efeitos dos desequilíbrios ambientais ao redor do mundo talvez sirva para mais uma vez dizer: onde tem índio tem natureza e onde não tem nada há. E isso, meus caros karaiwas, não é questão de opinião, é mais mecânica e matemática que filosofia ou putaria. Respeitem!" 

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    Plinio Vicente

    Santana rasga a fantasia dos estadistas de galinheiro

    Em novembro de 2010, numa entrevista ao jornalista Fernando Rodrigues, o marqueteiro João Santana, deslumbrado com a vitória da dupla formada por Dilma Rousseff e Michel Temer, garantiu que a seita lulopetista havia chegado ao reino dos céus pela rota do Planalto. Acabara de eleger uma mulher que tinha tudo para ocupar no imaginário brasileiro o trono à espera de uma rainha. E no banco de reservas, além do príncipe consorte Michel Temer, sentava-se ninguém menos que Lula, o Pelé da política.

    Neste outono, nos depoimentos à Lava Jato, o delator premiado demonstrou que até Maria I, a Louca, era muito mais confiável e mentalmente equilibrada que a monarca provida de um neurônio só, transferiu o Pelé de araque para o banco dos réus e provou que Michel Temer fez bonito enquanto esteve alojado na corte infestada de vigaristas. O que nem Santana consegue entender é por que tanta gente acreditou por tanto tempo nas fantasias que criou para apresentar como salvadores da pátria três estadistas de galinheiro.

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    Plinio Vicente

    Masoquismo – Maloquismo

    Um dado assunto não é um assunto dado e, jogado o dado, sua chance ainda está no ar. Você tem sorte ou algum consorte? É estratégia, o bom uso das semelhanças.

    Olha para o que ainda há de natureza e vê! Quem nunca, por desconhecimento, matou uma falsa coral pensando estar certo?

    Lembra-se de Ruth e Raquel, as semelhantes em fisionomia e antagônicas no caráter.

    É claro que estou falando de política, essa que vem antes da politicagem. Você já deveria saber que política e politicagem andam juntas desde a concepção.

    Você também já deveria saber que está em uma delas mesmo que ainda não saiba. De sonsos a descarados, tudo o que existe na política é por seu próprio poder de saber se fazer.

    Quem tem poder inventa moda, que antes foi tendência, surto de um habilidoso.

    Sentir prazer com a própria desgraça, para quem está de fora, é um absurdo. Por outro lado, quem está em estado orgástico, nem vê o que há ao redor. Para este, a opinião do mundo é algo que não lhe interessa e jamais interessará.

    Política e politicagem foram paridas juntas e juntas correm soltas no mundo desde sempre. Tende uma a prevalecer sobre a outra, a politicagem pra ser exato.

    O Maloquismo é algo como ter o maior prazer do mundo em morar na maloca, e ponto final. O que diabos o político politiqueiro tem que se empenhar em mudar o Parente de lá? Onde estão a política e a politicagem e onde mesmo estamos e o que viemos fazer? Qual nosso papel nessa novela? Já passou? Nem vi! 

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    Plinio Vicente

    Mendigos, milionários

    Juquinha era flanelinha e vivia num muquifo. Em outro morava Rosinha, que fazia bolinhos de chuva e saia vendendo pelos sinais. Sempre repartia com ela o que conseguia a mais. Mas nunca passou disso. Eram tão pobres que não dava para levar uma vida melhor, a não ser sonhar. Depois de uma manhã de boas gorjetas, convidou a companheira de infortúnios e decidiu levá-la para almoçar num restaurante. Não conseguiram, foram barrados na porta. Motivo: roupas mal trajadas. Comeram bolinhos de chuva. Ao passar na frente de uma casa lotérica, Juquinha entrou e jogou na mega sena. Ganhou sozinho. O nacibo mudou sua vida e a de Rosinha. Comprou o restaurante e fez dela sua mulher e a chefe da cozinha. 

    Nacibo - [Do ár. na,Cb, ‘porção’, ‘lote’; ‘fortuna’, ‘sorte’.] - Substantivo masculino - 1.Sorte, fortuna.

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    Loirinho e a puta Ritinha

    Loirinho, piloto, feinho, voava para o garimpo levando de tudo: comida, combustível, putas e principalmente garimpeiros. Sua base era a pista do Paapiú, mas fazia muitas pernas, o que lhe tomava quase todo o dia. Saia com o raiar do sol e voltava quando ele se punha, cansado, sem ânimo para nada, a não ser o banho, janta e cama. Sentia falta de mulher, só que não tinha tempo para ir até o puteiro. Um dia, levando Ritinha ‘boca de ouro’, no meio do voo arriscou uma cantada. Ela topou. Acertou preço e horário, só não o lugar. Para não perder a transa, assim que aterrissou foi ali mesmo, na nacela. Depois das pernas de Ritinha, foi cuidar das outras, de pista em pista, feliz, floresta afora...

    Nacela2 - [Do fr. nacelle.] - Substantivo feminino - Espaço da fuselagem ou cabina dos aviões pequenos destinado ao piloto, à tripulação ou, eventualmente, a passageiros.

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    Plinio Vicente

    O emporcalhado

    Jucimar era sujeitado arretado, atirado, sem medo de nada, não enjeitava desafio. Caminhoneiro, certa vez teve que parar uns dias numa vila do interior à espera do conserto de seu 12 rodas. Não havia o que fazer e na tarde do sábado, andava à toa quando ouviu a voz de uma jovem, pedindo ajuda. Correu e ficou sabendo: ela levava uma leitoa para vender e fazer dinheiro para a feira quando a bicha escapou e escafedeu-se brejo adentro. Encantado com a beleza da moça, e sabendo que o tédio estava por acabar, não teve dúvidas: atirou-se à caça da suína. Quando voltou com leitoa nos braços, todo sujo, labreado, ganhou uma recompensa que jamais esquece: o regaço quente e acolhedor de uma cabrocha. 

    Labreado - [Part. de labrear.] - Adjetivo - 1.Bras. N.E. Sujo, emporcalhado, breado, lambrecado.

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    A mocambeira de lábios de mel

    Maceió, ainda pequena, praias de arrecifes alagoados e outros encantos, levaram Casimiro vir de longe para conhecer os lugares de que tanto ouvira falar. Solitário, arredio, de pouca conversa, arranjou um guia, Manduca, que depois de levá-lo pra todo canto, propôs uma visita às lagoas no rumo sul. Alugaram um barco e foram entrando Mundaú adentro, gente pescando, gente passando, nada demais. Até que se deslumbrou com a jovem morena, labirinteira, na porta de um mocambo, sorriso nos lábios que mais pareciam favos de mel. Virou catador de sururu, fez do Mundaú seu novo lar e hoje quem quiser saber por onde anda Casemiro, basta ir à lagoa e o verá nos braços da sua mocambeira dos lábios de mel.

    Labirinteira - [De labirinto + -eira.] - Substantivo feminino - 1.Bras. N.E. Mulher que faz labirinto (9): 

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    Plinio Vicente

    Poesia e despudor

    Napoleão era bom de escrita. Letra bonita, caprichada, sonhava ser jornalista, mas Juraci, dono do hebdomadário de Serra Branca, onde morava, não ia muito com a cara dele. O considerava inteligente demais para seu gosto. Na verdade, era pura inveja e ciúme, medo de ver alguém melhor que ele no arranjo das letras. Certo dia Jura recebeu uma colaboração anônima, pequena crônica falando das belezas das moçoilas serra-branquenses. Espantou-se com o texto bem escrito, as palavras elegantes, poesia temperando as linhas. Assuntou, desconfiou e antes de publicar, quis saber do autor. Não publicou e ao ser questionado do porquê, apenas respondeu: “É um labéu que despudora a pureza de nossas virgens”.

    Labéu - [De or. obscura.] - Substantivo masculino - 1.Nota infame ou infamante; 2.Mancha na reputação; desdouro, desonra.

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    Plinio Vicente

    Antes do céu cair

    Parentes, eu vou sair. Vou sair nu e eles vão perguntar por vocês, vão querer saber sobre vocês. Vou dizer: perguntem a eles, eles estão lá no norte da Amazônia, esparramados no pé do monte Roraima. Eles estão todos lá, são sobreviventes. Se, felizes ou tristes, perguntem a eles. Se satisfeitos ou decepcionados, perguntem.

    Olha eles aqui ó, na arte, vê na geografia? Podem estar sadios e mortos. Vamos, acessem a internet, escrevam no Google – GARIMPO MATA A AMAZÔNIA. Eu poderia te enrolar, desconversar, te contar mitos, fazer desenhos coloridos. Poderia falar de qualquer coisa, mas eu não vejo TV, não discuto politicagem, nem gosto de futebol. Eu só insinuarei: Talvez eles sejam como vocês. Tipo assim ó: Os açougueiros não se entendem porque têm facas. Os ignorantes têm insultos. Os amores têm seus ciúmes. Os deuses querem melhor aos seus e por aí em diante.

    Talvez falte diálogo, entendimento, trabalho, compreensão, compromisso. Mas, o que aparece mesmo é a felicidade: essa se sobressai. O povo tem uma tendência à felicidade. É a desgraça que torna aquilo mais vida? Essas coisas boas de ver, de fazer, sentir. O índio tem flechas, mas não floresta. Conhecimento. Vamos encher o nosso livro de prazer e dor e dar para a ciência. Vamos estar nas estantes virtuais, encaixotados como mercadoria sem venda. Vamos ser bibliografia, papel pros brancos e nossos filhos cheirarem.

    Tudo parecia bem mas, os bens de uns são as ruínas dos outros. Os minutos passam e é a própria eternidade. Ninguém vê ou sente a agonia banalizada. Nessa primeira abordagem já está claro? Claro, não vou contar o segredo de ninguém. Minha mãe nunca me disse: não fale com estranhos. Ela sabia. Todos somos estanhos. Então seria melhor não dizer nada, pois sabia. Logo eu saberia.

    Hoje, estou aqui e vou te dizer: gosto mesmo dos estranhos. Eles são nossos reflexos e você sabe, reflexos encantam, e haja vida para buscá-los. Direi eles estão lá, e eles virão pra ver se eu sou eu mesmo ou só um mentiroso a mais no parlamento. O despertador tocou. Trocamos nossa cultura, não levantamos mais na lua.

    -          Senhor Jaider Esbell – O seu embarque é o próximo!

    -          Eu: muito obrigado! Vamos parentes!

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    Plinio Vicente

    Me bata, mas bata nocaute ou...

    Pra ir me conhecendo por mim mesmo, se gostar me recomenda, por favor e obrigado!

    Bom mesmo é ser estranho, mutante e ouvir de sua mãe que você é doido e mau.

    Já fui de um tudo onde deu pra ir nessa vida miserável. Pedreiro, bom neto, lenhador, pescador, professor. Vaqueiro, vagabundo, igrejeiro, atleta, coroinha. Flechador, fazedor de tijolo, de farinha e assustei os outros na noite breu.

    Fui vendedor, capinador, ciscador. Já fui vigia, já tive vontade de fugir de casa. Já fui encrenqueiro, vítima, trapaceiro, nunca traí ou fui X9.

    Apanhei de palmatória, peguei irmão pra levar surra, levei surra em casa, na rua, fui o rei da figurinha. Repeti de ano na escola, ganhei medalha, trabalhei sem receber.

    Já fui andarilho, estudante, eletricista, sonhador, canoeiro. Já fui guia, estive perdido, arranquei pedra na serra, perturbei as filhas alheias, os filhos, fiz o escambau.

    Já fui poeta, toquei fogo no campo, fumei, peidei silenciosamente, soltei o jabuti e fui pra roça.

    Já corri de bicicleta, a pé, de cavalo, andei em cabos de alta voltagem, pulei de 100 metros n'água.
    Já fui a Paris só dizer, oi.

    Já fui leitor, contador de estórias, já lacei boi, montei cavalo brabo, fiz saliência, danação, já fui feliz, desci boiando o rio, brinquei de guerra feri uns corações.

    Bom mesmo é ser estranho, azedo, feio e fedorento. Sábio, lezo, sonso, mas nunca traí a honra e tenho horror à pobreza de espírito e desonestidade.

    Nunca tive castidade, nunca aceitei minha idade, portanto não tenho cidade nem comunidade.

    Já corri com medo da vaca, subi em pé de caimbé e de lá vi o horizonte e no auge da sanoloucura Deus me disse: “Não tem jeito, esse é você e não te falo mais nada. Procure um espelho e se multiplique. Vai, infeliz, que você não é nada disso. Você é um artista, e só”.

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    Plinio Vicente

    O doutor

    Figura labróstica, vestia sempre as mesmas roupas. Barba espessa e os cabelos desgrenhados, as crianças tinham medo do fantasma ambulante quando ele aparecia na vila. Não lhe davam conversa, nem sequer bom dia, boa tarde ou boa noite. Certa vez, quando chegava à venda pra comprar o básico da semana,

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    Plinio Vicente

    De pó para pó

    Ufa! O carnaval chegou ao fim. É hora de recolher a fantasia, respirar fundo e olhar pra quaresma. São 40 dias que vão da quarta-feira de cinzas à Sexta-Feira da Paixão. Para católicos e ortodoxos, o período se destina a penitências. A pessoa faz jejum, priva-se de carne e renuncia a prazeres. No primeiro dia da provação, o fiel vai à igreja e recebe cinza sobre a cabeça. O padre, então, lhe diz: “Lembra-te, homem, que és pó e ao pó retornarás”. Lembra-te também: quaresma se escreve com a inicial minúscula.

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    Plinio Vicente

    O tangedor de caranguejos

    Wagner Paiva da Silva - para os íntimos, para os colegas de farra, para as
    putas: Vaguinho. O caboco sempre foi bom de farra e adorava cabarés. Casou-se com Janaína, mas não se aprumou. Aproveitava todas as vantagens da vida conjugal: comidinha caseira, roupinha lavada e engomada, mulher cheirosa a esperar para carinho e vadiagem, etc., mas vivia o resto do tempo como se solteiro fosse.
    A esposa acostum

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    Plinio Vicente

    O amor revelado aos berros

    Ele sempre foi um sujeito tranquilo. Tinha a capacidade de afastar todo tipo de agressão, fosse ela ao seu corpo ou à sua mente. Mas já lá pelos 18 anos, descobriu um outro eu que existia dentro de si. Tudo porque, paixão secreta pela moreninha colega de faculdade, não conseguiu impedir que um acesso de fúria se transformasse numa reação quase incontrolável.

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    Plinio Vicente

    A santa que venceu a morte

    Quem a vê, um pingo de gente, não imagina a guerreira que habita em sua’lma. Essa têmpera ela forjou ainda no ventre da mãe, menina de aldeia que, levada pela paixão descontrolada,

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    Plinio Vicente

    O amor pisando em brasas

    Quinzinho, roceiro aquietado, tinha uma fraqueza. Ritinha acendia nele a chama da paixão. Certa noite, quadra de São João, a encontrou na festa da fazenda. Graciosa, bonita, conseguia despertar em sua alma quase uma obsessão. Lá pelas tantas, fogueira queimada,

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    Plinio Vicente

    Morte feliz nos braços da sereia

    Apolinário era solitário. Solidão que só aumentou com a idade, mal que fez de sua alma morada de demônios, que se multiplicavam à medida que ia aumentando as doses de cachaça. Corpo e mente debilitados, quando voltava da venda para o casebre em que vivia na beira do rio,

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    Plinio Vicente

    A mãe do valentão

    Seu Leôncio, oitenta e tantos anos, sorvia calmamente uma dose de cagibrina, chapéu na cabeça. Terêncio, façanheiro desrespeitoso, passou e junto com um “eu sou é macho!” deu-lhe um tapa que fez voar o chapéu do ancião. Seu Leôncio levantou-se, pegou calmamente o chapéu, ajeitou-o e continuou nos goles compassados da bebida. Terêncio passou de novo e repetiu o tapa no meio do “eu sou é macho!”. Leôncio foi lá e com a mesma calma apanhou o chapéu. Quando Terêncio veio pela terceira vez o velhinho lhe perguntou: “Por acaso vossa
    graça é filho de dona Mariquinha?”. O valentão brecou os passos e respondeu: “Sou, sim. Por quê?”. Seu Leôncio foi curto e grosso: “Tracei muito a senhora sua mãe...” Façanheiro - [De façanha + -eiro.] – Adjetivo - Substantivo masculino - 1.Que ou aquele que alardeia façanhas; gabola, bazófio, valentão.

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    Plinio Vicente

    A donzela e o despacho

    Passava pela mesma calçada e parava sob a mesma janela na esperança de que ela se debruçasse no umbral e lhe desse um sorriso. Nada, pois mesmo quando já estava enfeitando o batente com sua beleza, fazendo dele uma tela de pintura, bastava vê-lo para sumir.

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    Plinio Vicente

    O baio do capitão

    Os donos traziam seus animais e nos fins de semana o local se transformava numa grande feira. Totonho era quem cuidava dos bichos. A maioria dos cavalos era da raça manga-larga. Chegando de viagem, capitão Juca Barros apartou um da tropa, o baio com uma marca, façalvo que o distinguia dos demais,

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