Desde sempre é assim. Entra fevereiro, sai fevereiro e, algumas vezes, março...
Ruas e avenidas cheias. Gente por todos os lados... Frevo, axé, samba, pernas, bundas, olhares... Cachaça, diversão, fantasias, utopias, desilusões que transformam lágrimas em sorrisos... Desamores em breves e fúteis paixões de
máscaras e fantasias.
“Fevereiro é tão curto
Não cantam cigarras, não cantam sereias
Não há sonetos em cartas de amor!”
E lá vêm eles. Loucos! Insanos por quatro dias. Pierrôs, Arlequins, Colombinas. Tristeza, alegria e traições. Bailes de máscaras, batalhas de confetes,blocos, escolas de samba... Tantos amores, tantos filhos nascidos de efêmeras noites de prazer... A finitude da festa explica tudo isso, o porquê dessa rebeldia profana! São nossos heróis e heroínas paliativos, provisórios... Malandros, putas, operários, donas de casa, empregadas domésticas, ricos, proletários, índios, imigrantes, todos se fundem no rol dessa loucura de Momo!
Desde que o mundo é mundo existe carnaval: Babilônia, Mênfis, Atenas, Roma...se olharmos bem, até o Éden em seus primeiros dias era uma festa só! O Homo Sapiens tem como natureza essa coisa lúdica, o lazer e o entretenimento - somos seres festivos, desde os primórdios nós cantamos e dançamos nas estepes africanas, até nas cavernas do período glacial onde começamos a entender que a vida é bruta e indiferente ao gênero e espécie.
O título dessa crônica, que eu parafraseei de um bloco de carnaval lá das Minas Gerais, é um tanto metafórico quanto irônico, mas condiz com nossa realidade brasileira. Sabemos que nosso povo tem como característica a sensualidade, a alegria, a espontaneidade. Gostamos sim de festas, de ajuntamento de coisas e pessoas. Não temos medo da nossa sexualidade, da disposição pelo sexo, mas o que há de errado nisso?
E eis que surge essa senhora, manda chuva no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, que, segundo ela, viu Jesus Cristo trepado num pé de goiabeira, querer através de decreto impor limites e regras nessa questão tão intima de cada cidadão! Primeiro: isso não é política pública; segundo: a escolha de transar, ou seja lá o que for, é de cada um, como direito constitucional, como um direito universal.
Então, viva o Carnaval Viva o povo brasileiro!