Fechar um projeto grande, meus amigos, não é como fazer uma cesta de três pontos e sair correndo para o vestiário. Não! Um projeto grande é um campeonato inteiro, com suas prorrogações, suas jogadas ensaiadas que desmoronam na primeira marcação e, principalmente, com seus jogadores, que precisam aprender a passar a bola um para o outro.
O arquiteto, nessa arena, é o armador que vê o jogo inteiro. Ele desenha a jogada, organiza o time, chama a estratégia. Mas sem o cliente, a jogada não tem finalização.
E sem estratégia para captação de recursos, não há quadra. O jogo morre nos vestiários da burocracia.
Eu conheci clientes que achavam que um projeto se resolvia com uma assinatura e uma conversa no cafezinho. Pobres almas! A obra de verdade, aquela que transforma um terreno em um empreendimento vivo, exige um balé tático: ora se ataca, ora se recua.
Há momentos em que se dá um passe de efeito, e outros em que é preciso segurar a bola, esfriar o jogo e repensar a estratégia.
E o arquiteto ali, em quadra, ajustando o projeto à realidade do financiamento, às mudanças do mercado, às oportunidades que surgem na lateral da quadra. Não existe gênio solitário na arquitetura de verdade. Existe equipe. Existe jogo coletivo.
Quando o cliente não devolve o passe, o projeto emperra. Quando o arquiteto não escuta o cliente, a jogada não encaixa. E quando nenhum dos dois olha para a arquibancada, onde estão os investidores, os parceiros, os bancos, a bola não chega nem a tocar no aro.
Fechar um projeto grande é aceitar que a vitória não vem de um lance isolado. Vem da construção da jogada. Vem da paciência de quem entende que, para captar recursos, às vezes é preciso mudar de tática no meio do jogo. Vem do respeito ao tempo da obra, e do tempo das pessoas.
E quando, enfim, a última bola entra e o contrato é assinado, não há quem possa dizer de quem foi a cesta. Porque a vitória, meus amigos, foi de um time inteiro que soube
jogar junto.