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Sexta, 10 Março 2017 04:04

Cultura de abelhas gera divisas em Roraima

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Cultura de abelhas gera divisas em Roraima Arquivo pessoal - Valdemar Sartor

A partir de hoje, o Roraima Agora traz série de três reportagens sobre Apicultura - uma riqueza silenciosa da Macuxilândia (Por Fernando Quintella - Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.)

Em tempos de alimentação saudável e outros conceitos de saúde cada vez mais valorizados, um produto com nove mil anos de comprovada existência (conforme cientistas da Universidade de Bristol – Reino Unido) na mesa das famílias pelos quatro cantos do planeta tem papel fundamental nesse novo cenário. O mel é considerado um dos três alimentos mais importantes para a qualidade de vida das pessoas. Aliás, quem conhece as propriedades do produto exalta o seu uso diário.

Mas até chegar ao consumidor, o mel tem caminho longo, que vai da escolha, pelas abelhas, do local onde se estabelecer até o perigo de ataque quando são perturbadas em sua tranquilidade.

Ambientalistas alertam para os problemas criados pelo crescente uso de agrotóxicos nas lavouras e jardins onde as flores são polinizadas.

Valdemar Sartor e colaboradores colhendo mel em sua fazenda (Foto: arquivo pessoal)

Roraima no contexto

A boa notícia é que Roraima produz mel de altíssima qualidade, em condições de atender ao exigente mercado internacional. O viés econômico da apicultura, de boa rentabilidade, pode ajudar a manter o produtor no campo.

Com tantas possibilidades, só mesmo uma série de reportagens sobre o assunto.

Começamos, nesta edição, a interessante viagem pelo mundo do mel. Venha conosco, sem medo de abelhas ou zangões.

Nos primórdios da apicultura em Roraima, faziam-se as coisas sem preocupação de grandes lucros ou como atividade principal dos produtores. Quem conta os detalhes é o professor aposentado Valdemar Sartor, gaúcho de 3 de Maio, chegado no antigo território em 1972.

“Meu pai era apicultor. Ele nos obrigava a tomar uma colher de mel todo dia. Em Roraima, encontrei boas condições para produzir, apesar da falta de estrutura”, lembra ele.

Já o capitão Policial Bombeiro da reserva João Almeida Pereira, roraimense, esbarrou na apicultura por acidente. “Fui fazer curso na Polícia Militar de Minas Gerais. Como era aquartelado [morava na unidade], saía com as equipes de salvamento quando atendiam as chamadas de emergência, inclusive para retirar as colmeias. Ali aprendi a lidar com as abelhas sem destruir a morada delas. Quando voltei, convenci o comando a apoiar a atividade ”, diz. De lá para cá, a apicultura teve crescimento significativo como atividade econômica. Roraima já exporta mais de 130 toneladas/ano de mel, das 180 toneladas produzidas por safra, a quase totalidade para o exterior.

A safra de 2015/2016 (agosto a abril) rendeu cerca de R$ 2 milhões, informa o presidente da Associação Setentrional de Apicultores de Roraima, Pedro Martins. Para este ano, a expectativa é que a receita chegue a R$ 3 milhões.

Pedro Martins e vasilhames com mel que será levado para beneficiamento (Foto: Fernando Quintella) 

Alguns problemas permanecem, como o desconhecimento, pela população, de que deve usar apicultores para retirar colmeias de suas casas. Nem sabem que as abelhas se aproveitam de espaços, como forros, latas, galhos de árvores, enfim, onde haja ambiente propício para a instalação da colmeia. As pessoas telefonam para o Corpo de Bombeiros por não saberem como contatar os apicultores. Com isso, sobrecarregam os militares e impedem, na maioria das vezes, o aproveitamento do produto e da própria colmeia. Martins é sincero: “a Associação não tem site na internet, isso dificulta os contatos. Falta melhor entrosamento com os Bombeiros”.

Nos últimos tempos, organizações não governamentais, como o Greenpeace, denunciam que produtores agrícolas usam quantidades absurdas de agrotóxicos em suas plantações, com sérios reflexos na qualidade do néctar de onde as abelhas extraem o pólen. Com isso, contaminam o mel produzido nessas áreas, o que traz grave risco de danos à saúde de quem consome o produto.

Na próxima edição, aprofundaremos o assunto.

 

 

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Redação

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