João Feitosa, empresário bem sucedido, vaidoso, resolveu entrar para a política e candidatou-se a deputado estadual. A convenção que aprovou o nome do comerciante trouxe também dezenas de pessoas que todos os dias amanheciam à sua porta com pedidos que, talvez, se transformassem em votos. Pede-se de tudo: pagamentos de contas atrasadas, sacos de cimento, botijas de gás, pneu de bicicleta, passagens de avião e de ônibus, dinheiro para medicamentos, roupa para a filha desfilar, equipamento para prática de esportes, dinheiro para festa de quinze anos...
Sebastião Neto, pidão juramentado, acordava cedo e saía visitando candidatos e, deles, tomando dinheiro que, prometia, pagaria com dezenas de votos que tinha sob seu controle. Com o saldo bancário minguando na mesma proporção em que via suas possibilidades de ser eleito caírem, João Feitosa resolveu tomar tenência: "Se eu não me segurar, termino liso e sem mandato". Às seis da manhã de uma sexta-feira, antevéspera do dia de votação,
da janela de sua sala, João Feitosa viu que Sebastião, o pidão, o esperava. Dali, naturalmente, viria mais um pedido. DIsposto a dizer não, o candidato foi assediado quando botou o pé na garagem.
O candidato sorriu um sorriso amarelo e, antes de entrar na cabine-dupla, ouviu:
- Deputado, sou muito agradecido pela passagem que o senhor deu para a minha mãe ir fazer tratamento de saúde em Manaus. As coisas não deram certo e mãeinha morreu, deputado. Vim aqui pedir que o senhor nos ajude a trazer o corpo de mãeinha para ela ser enterrada na terra onde nasceu, deputado.
O candidato contra atacou:
- Mas...
- Mas...
Sebastião Neto, pidão juramentado, acordava cedo e saía visitando candidatos e, deles, tomando dinheiro que, prometia, pagaria com dezenas de votos que tinha sob seu controle. Com o saldo bancário minguando na mesma proporção em que via suas possibilidades de ser eleito caírem, João Feitosa resolveu tomar tenência: "Se eu não me segurar, termino liso e sem mandato". Às seis da manhã de uma sexta-feira, antevéspera do dia de votação,
da janela de sua sala, João Feitosa viu que Sebastião, o pidão, o esperava. Dali, naturalmente, viria mais um pedido. DIsposto a dizer não, o candidato foi assediado quando botou o pé na garagem.
- Pelas minhas andanças, vejo que o senhor vai ser o mais votado da nossa coligação, deputado.
O candidato sorriu um sorriso amarelo e, antes de entrar na cabine-dupla, ouviu:
- Deputado, sou muito agradecido pela passagem que o senhor deu para a minha mãe ir fazer tratamento de saúde em Manaus. As coisas não deram certo e mãeinha morreu, deputado. Vim aqui pedir que o senhor nos ajude a trazer o corpo de mãeinha para ela ser enterrada na terra onde nasceu, deputado.
O candidato contra atacou:
- Tião, a campanha está saindo bem mais cara do que eu pensava. Eu, na verdade, estou até arrependido de ter entrado na política.
- Mas...
- A grana acabou, Tião. Do meu bolso não sai mais nenhum centavo pra a merda dessa campanha.
- Mas...
- E tem mais, Tião: pra que que eu vou trazer sua mãe se a porra da velha nem vota mais?